(Pintura de Cynthia Guimarães Taveira)
Não há grandes sonhos por aqui, todos os sonhos são práticos se queremos sonhos maiores. Como se fosse essa a condição do abraço de um anjo. Hoje, em vez de perguntar a alguém se estava com fome, perguntei se tinha saudades de se alimentar. Foi o trampolim da frase que o fez rir. Há diferenças entre ter fome ou saudades de alimento. Evidentemente que tinha sido o abraço de um anjo que me fez subir o degrau dos sentidos e da semântica. Às vezes penso que ele me acompanha só para poder ouvir as suas palavras na voz de uma pessoa. Precisa de intérpretes como qualquer bom compositor. Ele sabe que tudo é reciclável. É um criador, aproveita todos os silêncios como se fossem possibilidades de preenchimentos. E são. E aproveita todas as coisas, que vê, ou me diz para eu ver, como se fossem sonhos práticos que ele sublima com o seu espírito para se tornarem sonhos maiores. Nunca usa a palavra "lembrança", usa sempre a palavra "saudade", e nunca usa a palavra "paixão", usa sempre a palavra "imensidão". Deixa-me descansar, outras vezes, não; deixa que eu exista, outras vezes, não. Sabe que o mundo me sugou os sonhos mas também sabe que os sonhos do mundo não são do mundo. O mundo nunca sonha consigo próprio, só sonha para além de si, nos braços de um anjo.
:)
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