sexta-feira, 28 de agosto de 2020
Além dos anjos
Falam-me cifras sussurrantes,
Poeiras das estrelas descendo
A mesma flor sempre no caminho
Perene poema de amor
Ouço a música e sei
Que das suas melodias nada sei
Descem os sons que me falam
Da história que não falhei
Cifras absurdas descem
Com argolas de chaves junto delas
Calo o silêncio que trazem
E danço nas claves vindas do sol
Pasma e foge o real
Por ser um frágil sonho
O grande passo além dos anjos é
Um suspenso baloiço parado
(Cynthia Guimarães Taveira)
terça-feira, 25 de agosto de 2020
O rei
Há pouco, pela hora de jantar, recebi um telefonema do meu irmão. Fez-me uma série de perguntas sobre a Monarquia às quais fui respondendo. No fim disse estar rendido à Monarquia. O mundo dá muitas voltas. Fiquei de boca aberta a olhar para o telemóvel. Isto deve ser de família. Isto de sermos monárquicos. Agora já posso falar no plural. Passámos da pluralidade de ideias antagónicas para ser possível falar no plural. Espantosa a língua portuguesa. Viva o Rei!
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Sado
O meu irmão acaba de me dar uma informação importante. Fomos nós, os portugueses, os inventores do primeiro Smart.
sábado, 22 de agosto de 2020
A mística do movimento dos quadros
Esta nova moda de decoração que consiste em não pendurar os quadros na parede, mas sim, em encostá-los à parede, quer no chão, quer em cima de um aparador ou de uma mesa deve ter sido inventada por um decorador que gostaria de ser pintor. Como sou uma pintora que gostaria de ser decoradora, passo a explicar (e não, não é andar de cavalo para burro por razões estritamente esotéricas de muito complicada explicação, a sério): os pobres pintores pintam sempre mais do que o espaço que dispõem para pendurar os quadros e, por causa disso, frequentemente encostam os quadros à parede. Outras vezes, estão a meio da pintura e fazem o mesmo. Quando acabam, gostam que alguém os coloque na parede. O decorador da nova moda achou por bem colocar quadros ou fotografias emolduradas no chão e encostá-los à parede o que é meio caminho andado para um piparote a meio da noite a caminho da casa de banho e, se estiverem em cima do aparador, é meio caminho andado para a empregada (as pessoas que contratam decoradores têm sempre empregada) lhes dar um piparote também e de estes virem a estatelar-se no meio do chão. Estas coisas irritam-me. São parvas demais. Por outro lado, onde é que fica a mística do movimento súbito dos quadros? Quando eles, de um momento para o outro, caem do prego onde estão pendurados e assustam todas as pessoas e obrigando-as (finalmente) a verem o quadro ou a pensarem que é alguma coisa de sobrenatural que se está a passar (as vezes é, outras não). Há modas tão parvas mas tão parvas que só conseguem causar tiques de novo-riquismo misturado com os tiques de uma elite que se pensa ser intelectual a quem as segue. Vejam lá onde colocam os pés e digam à empregada que vai limpar o pó, que o facto do quadro estar encostado à parede é muito "in". Tenho a certeza que ela vai compreender. E, já agora, cuidado com o aspirador, não vá um dia vir a marrar no quadro qual touro enraivecido. E com razão.
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Medo do Sol
O Luís Osório é bem intencionado. Quando lhe dá para os elogios rasgados lança-se do seu porta aviões e desata a voar. Isto de voar pode calhar a todos. Andar nas nuvens e tal. Há uns anos o "sábio de Coimbra" do Facebook pelo facto de eu andar a dizer coisas dizia que eu "voava", que corria o risco de voar demais e de desaparecer no espaço. Desapareci no espaço, mas não por voar demais. Eu voo bem. Desapareci para não ter de aturar "sábios de Coimbra"... E outros armados com uma lança esotérica numa mão e um escudo de psicologia barata na outra e cujo resultado, agora visto de longe, de bem longe, em pleno espaço sideral, é hilariante. Diz Luís Osório que o desterrado Eduardo Lourenço é o maior pensador sobre Portugal. Luís, se é maior ou menor isso vem a reboque com o pódio e os números pintados por debaixo dos vencedores. Os vencedores vencem prémios, mas isso não quer dizer que não haja "perdedores" que nunca ganharam prémios com a chancela do Estado e que estes não ensinem Portugal aos portugueses. A alguns portugueses, muito poucos. A Cristina tem mais sucesso do que o Eduardo Lourenço. De que é que estava à espera nesta democracia alimentada a audiências? De um povo muito filosófico? De votações nas eleições muito conscientes? Eduardo Lourenço foi tratado como um estranho no hospital. Lá, ninguém lhe deu o devido valor, nem o reconheceu. E quantos pensadores sobre Portugal passaram a vida nisso? Pior! Nem um pequeno prémio de consolação receberam. Nem uma entrevista para a televisão. Nada. E o pior dos piores, nunca sequer foram lidos ou ouvidos. Nunca as suas palavras foram objecto de ponderação pelas "altas" personalidades do país a não ser quando se lembram de um verso de Fernando Pessoa para ser debitado num "evento" porque fica bem... Viu-se como foi tratado em vida e depois de se retirar do mundo. Lamento, Luís, mas Eduardo Lourenço não é o pai de todos nós que nos ensina o que é Portugal. Temos uma data deles, e algumas mães. Isto sem contar com o próprio povo, quando o encontramos ainda vivo e não à beira do colapso com esta democracia que elege os seus intelectuais cheios de carimbos franceses de passaporte franceses... O Eduardo Lourenço tem os seus pontos de vista, alguns dos quais discutíveis e não é com ele que aprendo Portugal. Por vezes, é nas filas das repartições públicas que aprendo. Levo um livro e espero a ler. Um livro lido por quase ninguém. Um livro sem prémios nem distinções. Mas o Luís pode voar aquilo que quiser. Andar nas nuvens a pensar que o Pai Lourenço lhe ensinou tudo sobre Portugal. É livre como um pássaro. Só não conhece é Portugal. Mas isso ninguém conhece por serem tantos os autores a ler e por serem tantos os portugueses do povo (o que resta do povo) a conhecer. Se o Luís lesse alguns outros autores, aí sim, iniciaria o seu vôo vertical e não apenas esse horizontal e rasteiro devido ao peso das medalhas. É espantoso que os jornalistas, como veículos de informação, caiam sistematicamente nas garras do Estado. Naquilo que o Estado escolhe e distingue. Como afirmou Fernando Pessoa "Portugal não é o Estado". São duas coisas distintas. O Estado devia servir Portugal. Ser subalterno. Portugal é muito mais do que o Estado. E quem pensa sobre Portugal são muitos mais do que apenas Eduardo Lourenço. São muitas pessoas absolutamente distintas entre si e do Estado. Portugal está cheio de voadores. Uns voam bem, outros junto ao chão com medo que o sol queime. Queima e ainda bem. De caldos mornos está o Inferno cheio. E Portugal.
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
O nome
Agora um qualquer vulgar mau tempo tem direito a nome. Um qualquer vulgar bom tempo não tem nome. A sílaba tónica no que é menos agradável dá o mote da triste dança da nossa época.
O sol é um estado de espírito. A chuva são as circunstâncias. Agosto precisa de tempo assim de vez em quando. É um mês demasiado louco.
Os meus girassóis parecem estar a gostar desta chuva.
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
Ssseerpentesss
Anacoretas intoxicados de más línguas, povoam o deserto com passos altivos e dizem de si próprios o melhor possível e, dos outros (que noutras grutas e colunas se encontram) que são nada face a si mesmos, autoconsiderados os melhores, os "já salvos", os mais "justos", os mais "íntegros", os "mais qualquer coisa" que os coloque no centro das atenções, nem que seja por um minuto. Dá gosto ver as serpentes e os sacos delas que persistem no seu caminho de cabeça erguida perante as outras, igualmente de cabeça erguida, prontas todas a atacar para assegurar a sua posição (nem que seja a postura de uma galinha). O seu sibilar parece um canto de embalar, os seus dentes parecem uma simples imagem imaginada por nós, mas do seu veneno nenhuma delas está livre. Nem sabem sequer o que é a liberdade embora a cantem e soltem as vozes em coro numa azáfama de preocupação e insegurança demasiado visível.
O sorriso de António Telmo em "António Telmo, Vida e Obra"
http://m.antonio-telmo-vida-e-obra.pt/news/voz-passiva-100/?fbclid=IwAR3w7XQBXLDIgvRi8mYu0Io1rYMQc-a66vElgD4iHkhll10Japi0cfrdQTQ
Quando penso em António Telmo, sorrio. A nossa expressão facial, quando nos lembramos de alguém que já partiu, é importante. Talvez nos fique na expressão a amargura e a tristeza dos últimos tempos de vida ao termos acompanhado alguém, diariamente, numa doença. Talvez nos fique uma expressão serena, como é o que me acontece quando me lembro de Dalila Pereira da Costa. De António Telmo, o sorriso mantém-se inalterável. Até num sonho no qual ele apareceu como um mestre de um estranho jogo. Sonho premonitório que falava dos passos seguintes da sua obra.
O sorriso de António Telmo era achinesado. Os olhos ficavam ainda mais rasgados. Normalmente conversava com um sorriso e dizia frases que ficavam na memória, como só aquilo que é escutado em presença fica. Lembro-me de uma pedreira e de um lago visto nela por Telmo. A sua visão de um lago de paz para onde se encaminharia depois de se libertar do seu corpo. Ou da brincadeira dele quando disse a um pequeno grupo que junto dele se encontrava que, se nos focássemos nas orelhas dos nossos interlocutores, estes, a pouco e pouco, se assemelhariam cada vez mais a animais. Lembro-me de uma refeição junto dele na qual falávamos baixinho sobre experiências extra-corporais e de me ter contado “sofrer” da tentação de se erguer além do corpo, indo mais longe assim, e de ambos termos concordado que, sem mestres, era uma actividade perigosa forçar esse tipo de vivências. Lembro-me de, já perto do fim, ele ter pegado num símbolo que lhe ofereceram, e que tinha sido desenhado por mim, e de me ter segredado: “Este é o meu lado pseudo-católico”. E de termos rido os dois quando lhe disse que era a autora do desenho do objecto. “Tem toda a razão”, disse-lhe,” isto é muito mais do que Católico. Tem a ver com a Idade do Espírito Santo” (a única em que os contrastes se harmonizam). Lembro-me de ele se rir ao contar uma historia passada com ele sobre a pseudo-serenidade, o pseudo-despojamento e a pseudo-impassividade e do modo como eram frágeis e nitidamente visíveis a olho nu esse tipo de pessoas que reclamavam isso para si próprias e exigiam o mesmo aos outros (mesmo que fosse uma exigência sub-reptícia). Lembro-me de, numa palestra sua, terem entrado três personagens com as quais tinham existido alguns desentendimentos e de ele ter parado de falar, de os ter olhado e de ter dito a sorrir: “Lá vêm os inimigos”.
Se o seu sorriso trazia boa disposição e ironia fina, a sua voz profunda, grave e com a estranha capacidade de ser o eco de ela própria, era um mistério. Foi um dos últimos portugueses livres a partir. Livre de rótulos políticos e religiosos (mal sabia ele a forma como, pouco depois de partir, esses terrenos se aproximariam de uma maneira tão promiscua – e crescentemente promiscua -- como só existiu na Segunda Guerra Mundial). Depois da partida de este tipo de pessoas, normalmente, o discipulado inseguro e difuso procura nelas a legitimação das suas ideias e das suas crenças, ou seja, abandonam no seu “professor” tudo o que não lhes interessa e aproveitam, muito bem aproveitado, tudo o que se possa vir a encaixar e assegurar a continuidade dessas mesmas ideias e crenças que adoptaram. Mas António Telmo sabia que não era assim o “movimento” da Tradição ao longo dos anos. Ele próprio tinha tido as suas personagens-chave, importantes para a sua aprendizagem, mas como tinha escutado a sua voz interior, a mais importante, depressa desbravou o seu próprio caminho, seguiu as suas próprias ideias, e foi estabelecendo para si próprio (e para mais ninguém) as suas crenças, tendo criado para Deus o seu próprio Universo e foi, por isso, um dos poucos portugueses completos que conheci. Os restantes, os que convictamente e conscientemente procedem a uma selecção do seu trabalho com vista a alimentar as ideias e crenças que adoptaram (nunca são genuinamente suas), são candidatos a portugueses, tendo ainda de percorrer um longo caminho até adquirirem voz própria (se é que alguma vez irão adquirir), indiscutivelmente sua. Portugal só pede que sejamos nós próprios.
Creio que António Telmo faz parte da constelação invisível que envolve e protege Portugal. Uma constelação de vozes próprias e inconfundíveis, de almas que amam o seu país e que se entregaram nos braços da Iniciação que este país permite, chamando a si aqueles que estão aptos a deixarem a sua marca, o seu modo de ser, de estar, de escrever, de pensar, de criar.
António Carlos Carvalho escrevia, há pouco tempo, que nós íamos alegremente ter com António Telmo. Não podia estar mais certo no advérbio de modo. Íamos com um sorriso para encontrar o seu sorriso e as suas palavras, por vezes, desconcertantes e que nos faziam pensar. Os livros, li-os todos e muitos deles reli. Nem sempre os autores nos aparecem desfasados do que escrevem no convívio efectivo e presencial. António Telmo foi um deles, bem como Dalila Pereira da Costa. Lê-lo é, portanto, sentir a sua presença para quem com ele conviveu. Fez jus às palavras de Pessoa: “Põe quanto és/ No mínimo que fazes”. Foi um português completo e já restam muito poucos e, a maioria dos que restam, devido as estes tempos de fim de ciclo, permanecem invisíveis e camuflados por entre a vegetação caótica.
O interesse de António Telmo pelo elemento vegetal é a sua marca rosa-cruz que é sempre totalmente independente das Ordens e seitas, quer sejam públicas ou pouco públicas. Esse interesse ou chamamento era absolutamente genuíno e de outra maneira não poderia ser. O elemento vegetal é o mais ancestral na constituição do ser humano e não se deixa apanhar nem pelas Ordens nem pelas seitas. Chama a si aqueles que lhe pertencem, sem palavras, apenas através da Santa Providência (que é diferente do sopro do Espírito Santo, ou seja, pode ser complementar, mais tem outras características) que é a sua linguagem. O elemento vegetal tende à difícil domesticação, se é que esta não é mesmo impossível, e daí que, da mesma forma que reconhece os seus, também não reconhece os seus. O elemento vegetal é verdadeiramente o “Totalmente Outro” em nós, para além da nossa Vontade (a nossa Vontade só é adquirida muito mais tarde). António Telmo sabia disso. Um dia, íamos os dois a descer uma rua em Sesimbra. Parámos junto a um muro. Ele fez silêncio, olhou para o muro, apontou para uma flor que ali tinha nascido e perguntou-me:
-- A Cynthia sabe qual é o nome desta flor?
Totalmente ignorante do nome da flor, respondi-lhe:
-- Não faço a mínima ideia.
Ele sorriu ainda mais, os seus olhos brilharam ainda mais. E continuou o caminho.
Três anos mais tarde, fui chamada pelas flores. Lembrei-me da flor e do sorriso dele e dirigi-me a um novo mundo. O verdadeiro.
sábado, 15 de agosto de 2020
Um romance de Miguel Sousa Tavares
Nos meus tempos de Facebook, um notável que se faz notar, interessado por filosofia e esoterismo, torceu vigorosamente o nariz através de um comentário ao facto de ter colocado um post no qual eu afirmava que gostava da escrita de Miguel Sousa Tavares. Essa personagem de nariz torcido (e que de mim não percebe nada), frequentemente opina sobre política e tende a criticar os vícios da autarquia de Coimbra por lhe dizer respeito. Se se desse ao trabalho de admirar a escrita de Miguel Sousa Tavares (que é muitíssimo agradável de ler), teria esbarrado no seu romance "Madrugada Suja" com uma das melhores descrições que já li sobre as trafulhices que existem entre as autarquias e as empresas de construção civil. Caso o vigoroso crítico literário estiver a ler este blogue, que se dê ao trabalho de procurar, no romance supracitado, a descrição que surge entre a página 183 e a 188. Devo dizer que está muito bem escrito e descrito o processo de ascensão de um "Comendador". Se eu fosse na conversa da Associação Nacional dos Anacoretas do Deserto Filosófico e Esotérico em que neste momento o país se encontra (e que são de um snobismo que não se pode), não me estava a deliciar agora com este romance deste autor que, como sempre, é sensível e atento a Portugal e aos portugueses. Uma agradabilíssima leitura.
segunda-feira, 10 de agosto de 2020
A mudança
domingo, 9 de agosto de 2020
Amigos, amigos, tempos à parte
sábado, 8 de agosto de 2020
A melhor homenagem
E quando Portugal me sabe a fresco, como há pouco?
E passo junto ao mar e o perfume das algas faz com que me apeteça ficar ali para sempre?
E passo pelos montes e vales, (o Fernando que me perdoe a redundância, mas permanecem montes e vales para além de qualquer poema) e sinto-me deles e das estrelas que deles se vêem de noite.
A melhor homenagem que se pode fazer a qualquer autor que tenha escrito sobre Portugal com o coração em riste e olhos de ver é saber ver e sentir o Portugal Maior, que se estende pelo nosso corpo e actua em nós, os doidos por ele, em qualquer parte: no cimo de uma falésia, num jardim escondido, numa tarde de sol, na rosa brava que não nos desmente. E nesse sentir calado, fazer saber a Deus o nosso Amor.
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Depois de pintar um muro
Depois de pintar duas demãos do muro. Guénon
dizia que quando trabalhamos a matéria prima, esse trabalho, por sua vez, era feito também em nós. Há algo em mim de muralha, de muro, de murinho. Depende dos dias. O que gosto mais no mundo esotérico em Portugal é a forma como todos os envolvidos pensam que sabem qual é a melhor forma dos outros viverem e serem. Vai daí, construí murinhos, muros e muralhas. Hoje, posso dizer, que aquilo não era vida para mim, uma rapariga simples. A minha mente não os alcança. Tenho um ligeiro atraso com tendências depressivas. Tal coisa não se encaixa nesse mundo. Sou uma retardada. Pintada de branco. Já repararam no meu olhar triste? É. Nunca recuperei.
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
De cor
Tenho um anjo decorador
que decora só para mim
tudo o que sonho acordada.
Nunca pensei existir
um anjo assim,
por pouco não pega no pincel
e não me pinta a parede.
Qualquer cor em que pense
lá vem ele com uma bandeja,
em cima dela uma lata de tinta,
Tão rápido que não procuro.
que decora só para mim
tudo o que sonho acordada.
Nunca pensei existir
um anjo assim,
por pouco não pega no pincel
e não me pinta a parede.
Qualquer cor em que pense
lá vem ele com uma bandeja,
em cima dela uma lata de tinta,
Tão rápido que não procuro.
Tenho um anjo decorador
que me sabe de cor
Acha importante
tudo o que imagino.
E, mais importante ainda,
que o imagine feito no mundo.
que me sabe de cor
Acha importante
tudo o que imagino.
E, mais importante ainda,
que o imagine feito no mundo.
Às vezes ouço-o rir
da gente que não entende
que ele traga um pincel na mão,
e uma bandeja cheia de cores.
Ri-se e parece ausente
num sonho maior que só partilha
com quem sonha com ele
o mesmo mundo de alegria.
da gente que não entende
que ele traga um pincel na mão,
e uma bandeja cheia de cores.
Ri-se e parece ausente
num sonho maior que só partilha
com quem sonha com ele
o mesmo mundo de alegria.
(Cynthia Guimarães Taveira)
domingo, 2 de agosto de 2020
Os ofendidos cheios de razão
A estrema Esquerda alimenta a Extrema direita e vice-versa. Quando apregoam que somos um país racista ofendem os portugueses que não o são e que são a grande maioria deles. Quando a extrema direita se aproveita da situação contrapondo ao "slogan": "Somos o país racista" com um "Não somos um país racista" isso não quer dizer que a maioria dos portugueses embarque no popularismo oportunista (tal e qual o faz a Estrema Esquerda) da Extrema Direita e também que, por poderem, eventualmente concordar no seu íntimo, que não são racistas, possam ser, por isso, conotados com a extrema direita do "Chega cá um Voto". De maneira que há por aí muitos bons portugueses que se sentem ofendidos tanto pelos de estrema Esquerda (porque não são nem se sentem racistas), como pelos de extrema Direita porque não são nem se sentem estúpidos para embarcar na conversa de quem é um oportunista nato, sem eira nem beira, sem consistência alguma, como é o rapaz do "Chega aqui o teu voto". Assim, mais do que nunca, a política democrática se encontra podre e apodrecida por estes oportunistas de ponta que fazem tremer os alicerces de uma democracia que nunca foi grande coisa. Faz falta um rei para pôr esta gentalha na ordem.
sábado, 1 de agosto de 2020
O "drink"
A Ministra da Cultura prefere beber um "drink" com os jornalistas e falar de "arte" contemporânea. Está bem, vai lá beber. As coisas importantes passam-te ao lado. E segues pela tua vida completamente vidrada no copo e nos jornalistas. Até podias fazer uma festa daquelas muito "crazy", e ter conversas muito "in" sobre os horrores contemporâneos. Era "nice" e "cool". Nem sei porque estou a colocar aspas. Este é o "português" da Ministra da Cultura. Não haverá por aí um purista para a substituir? É que quando a poluição é muita e demais, convém apanhar ar puro. Gente passada da cabeça. E do bom gosto. Apanho sempre uma "overdose" quando os ouço ou/e quando os vejo. Nem que os ouça pouco e os veja de relance. Dá-me um enjoo. Depois, bem, depois tenho de ver fotografias deste género para me acalmar.
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