Constato uma certa inoperatividade do ser e um certo cantar ao despique. Se pensar Portugal como uma casa de fados, daquelas selvagens, na Madragoa dos ausentes, na Mouraria dos carentes, e na Alfama dos dependentes, então, tudo faz sentido. Os xailes negros proliferam disfarçados de design e as voltas das reviravoltas dos linguajares fáceis são torturas nas ruas tortuosas da intelectualidade. Ah, fadista que te levantaste e brindaste ao fado, escorregadio como o vinho, antes de abrires a boca e grasnares sobre as penas da nação. Volta e meia o público aplaude emocionado e a noite faz subir o vapor do álcool tornado sangria pelos tormentos da gaseificada e efervescente matilha saudosa dos tempos idos. Ide, ide a correr como cavalos até ao campo da batalha mas depois não cantem o "menino de sua mãe" e não chorem lágrimas de crocodilo... Esta intelectualidade balofa que diz declarar guerra às ideias, inimigo fácil e invisível, sedenta é doutras guerras, que disfarçam com punhos de renda, e penas de escritor. Querem tanto sangue como o fado quer vinho.
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