(para Rosemina, pequena flor)
Estive com uma amiga de longa data. Por duas vezes, em
conversas de horas. Conversas de horas, como são belas essas conversas, como
fluem em sorrisos, em pormenores, em paragens. E como, toda a base, do amor ou
da amizade é essa busca incessante de tentativa de compreensão do mundo, de
nós, como se este e nós guardássemos o segredo de todas as coisas, visíveis e
invisíveis. Há, ainda que com mágoas e memórias, alegria nesse percurso de
desvendamento. A verdade que procuramos está acima de nós, e nós escalamos a
montanha em busca dela. Ela não está em mim, nem em ti: fora de nós como uma
dama. A matéria prima do amor, é para além de nós um apelo. A arte do amor, ou
da amizade que é o mesmíssimo é essa concentração na verdade no percurso das
afirmações e interrogações. O amor não é parado porque se deseja mais do que
a ele próprio, porque tem como musa a sabedoria, essa tentativa de a enlaçar.
Só é amor porque é em conjunto... só há amor porque há com-junto.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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