Somos iguais, eu e tu,
Até naquilo que nos negamos,
Vivemos
Do mesmo modo nos escondemos
Atrás da árvore,
Do mesmo modo trepamos o monte
Há uma igual
energia que nos cerca
Quando de punhos cerrados
Batemos o pé
Somos iguais nos outros eus
Que por dentro observam
Equiparáveis
Na negação do sonhos
E no acto de sonhar
Não somos espelhos um do outro
Somos mais de que superficeiis fáceis
O nosso cabelo ao vento
É o testemunho vivo
Da liberdade que nos distancia um do outro
Igual liberdade, a única
A que serviu para nos moldar
Nos moldes que recusamos
O nosso abismo está nas nossas mãos
A nossa memória está no bem que nos sentimos
A nossa história não é deste mundo
Ninguém se percebe de igual forma
Como nós
Ninguém se imagina como nós
Somos iguais
Como dois gémeos verdadeiros não o são
No modo como o teu andar por fora,
Ligeiro, quase feminino,
Oposto ao meu
É o meu por dentro
E vice-versa
Somos iguais,
Porque atravessámos a linha do tempo
Porque o espaço da distancia
Nos aproxima, paradoxalmente
Não somos Eros, nem Psique
Porque ambos somos as duas coisas
Juntos formamos a mandala
Adivinhada pelo poeta
Já nem nos buscamos
Porque já nos encontrámos
E todos os momentos
Passaram a ser
os do nosso nascimento
Adormecemos a saudade, sem querer...
os do nosso nascimento
Adormecemos a saudade, sem querer...
(Cynthia Guimarães Taveira)
Sem comentários:
Enviar um comentário