Luz, que entras e lembras
todos os solstícios de amor
escondidos nas frestas das pedras.
Luz que invades sem mais nem quê
todos os quintais das infâncias que houveram
em Verões serenos de cigarras cadentes.
Luz que desdobras as ondas do mar
e abranges o escuro azul do sonho tido
na mais intranquila noite do mundo.
Luz que bates nesse chão de pedra
e voltas em voo iluminando a face,
e que fazes arder a rocha
Numa idade que não há ainda...
Luz do dia e do entardecer
em cortinas ondulantes em morno torpor
Nas saias brancas antevendo-se em rendas.
Luz das flores que cintilam à tua passagem,
e tornas o céu improvavelmente claro,
e levas o nevoeiro para longe
ness’outro tempo onde não há poetas tristes,
nem a solidão dos amantes marcando as horas
Nem um gomo caído de uma laranja,
esquecido numa alma que é caminho
Nem os frutos a sós num paraíso antecedido
Luz, de longos braços
apresentando-me ao templo como ave...
Brilhas em água tornada benta com teu beijoEspelho d’outra que não finge
Sustentando este, aquele
e ainda um outro universo
que não o sabendo todo
em ti , por ti, em tudo o adivinho.
(Cynthia Guimarães Taveira)
Sem comentários:
Enviar um comentário