domingo, 26 de abril de 2015

Fado d'amor em Lisboa



 
Encontrei-te na travessa da esperança,
quando já a tinha perdido,
subi em degraus que desciam,
só para avançar pelo teu sorriso,
perdi-te e ganhei-te na cautela
comprada a um mal-disfarçado cupido.
Em voltas, vielas, e esquinas,
no miradouro da saudade em que me desvio,
perdi-te, e de novo foste encontrado.
 
A nossa história é a das ruas da cidade,
poços negros de ciúme,
altos da pena e de queixume,
becos sem saída, quando partias,
onde até a caridade vinha pedir,
tal a tristeza encerrada...
 
Todas as avenidas me levaram,
para fora da cidade
chorei sete rios, nem Madalena o conseguiu,
perdida nos braços do senhor roubado...
No regresso que não pensei,
dou contigo na rua imersa no destino,
quando virava a esquina
da rua da rosa que me deste e se cumpriu.
 
No castelo perdemos, de novo, a idade,
e o cais veio lembrar-nos
que todo o amor acaba
num barco talhado em liberdade.
 
Estou contigo na ribeira,
escondo-me por entre as flores
para que não me vejas,
confundes-me de tal maneira
que me escolhes, sem saberes,
o que pela mão desejas e levas...

 
(Cynthia Guimarães Taveira)


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