Não esperes em quem nega
a aventura do que somos,
senão a desventura do dia-a-dia.
E porque tormentas e porque montes,
se há-de atravessar a rebeldia,
ousando as cores do real decaídas,
as do sol, as do céu e as da luz sentida.
Não esperes em quem nada espera,
se não consolo do seu medo,
nem a tristeza como pesadelo,
nem a graça em fio de novelo...
Não esperes de quem não inflama
a voz em pleno choro,
se não há grito não há remédio,
se não há dor não há Império.
Sustém a respiração para tais,
como quem espera um sol novo,
e procura noutros locais,
a vida, o sangue e um coração d'Ouro.
Não esperes que o sol se rasgue,
sem que teus pés não os sintas,
depois de calcar o grande sonho,
na volta bem centrada do destino,
calado e mudo reside o tudo mais,
que inaugura e tinge,
o que viste e viveste pelo caminho.
(Cynthia Guimarães Taveira)
Sem comentários:
Enviar um comentário