sábado, 11 de abril de 2015

Noite...


Chamaste-me à parte
para me dizeres do teu aparte,
e assim foi por todas essas festas,
banquetes, danças lá de casa.
Todos se chamavam uns aos outros à parte
para lhes falarem  do seu aparte
e em todas as partes e espelhos via-os dançar.
 
(lembro-me das valsas, dos vestidos,
contemplava a festa
sentada nos degraus de madeira,
espreitando entre uma fresta aberta
dos cortinados escarlate,
sem poder descer por não ter idade)
 
À parte de tudo, lembro-me,
de que todos os apartes
eram todas as valsas,
girando em mundo, ali,
contemplados por olhos,
inesperados, chamados à parte,
por ti, noite,
que te tornas outra
quando, à parte, chamas uma criança
e te esqueces de quando eras adulta...

 

(Cynthia Guimarães Taveira)

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