Já não te ouço ou sinto
Ficaste na dormência do tempo
Na calma noite que me persegue
Nas unhas fundas da fera
Nos bustos recortados do palácio
Na naus embaladas pelo recorte lunar dos teus olhos.
Ficaste na dormência do tempo
Na calma noite que me persegue
Nas unhas fundas da fera
Nos bustos recortados do palácio
Na naus embaladas pelo recorte lunar dos teus olhos.
Já não te escrevo nem re-escrevo,
Nem por entre as brumas por onde te via, te vejo
Nos passos libertos agora meus
Os teus ficaram dissolvidos no vento
Nas palavras minhas que te faziam aparecer
As tuas nunca as ouve
Nos silêncios meus, grandes montanhas
Os teus um quase nada querendo ser tudo
Já não te ouço ou sinto
Como se te tivesses afastado sem que tivesses estado
E se há pontes, ou rotas nos céus
Em nós não crêem
Em ti nunca foram imaginadas
Em mim apenas porque imagino tudo
Como a primeira inspiração de um recém nascido
Se pontes ou rotas, estendidas para os teus ombros e deles para cima, para a coroa de céu
Não vivem em mim, não ficaram por mim
Depois de as imaginar
Balançaram com o vento que te levou
Sempre quiseste a poesia
Para brincar com ela, boneca e carrinho de meninos
Sempre acreditaste mais nas palavras do que em mim
Sempre quiseste a transcendência por elas
Mas elas são pássaros que voam livremente
Nos quartos do meu palácio
Onde não te ouço nem te sinto
Nem lembro nada que não fosse uma
Bola de sabão a flutuar
Nas vertentes de montanhas onde
Deslizo agora pelos rostos de perfil
E nenhum deles é o teu
Porque nunca foste senão
O reflexo vago no espelho das águas
desfeito quando vi um peixe e o toquei
O mundo cresceu, dizem que não, mas vi-o expandir-se sem se cruzar contigo em qualquer parte da galáxia
Permaneces a ausência personificada
Se fores um deus és o da ausência
Porque os teus passos ficaram dissolvidos num tempo que nunca aconteceu
O teu rosto em mãos de areia
A tua sorte confinada à do destino
Sem a contemplação do improviso
Sem o salto sem rede
Sem que alcances o outro lado do precipício porque nunca estiveste
No meu coração que é absoluto
como o resultado de um conjunto total
ele próprio o itinerário desse transcendente
que tanto quiseste e não queres mais
Não te ouço nem te sinto
Na minha capa, na minha espada
Na minha nudez protegida pelos teus olhos cegos
Alguma vez soubeste que podia escrever pela noite fora pelos rumos de Xerazade,
Pelos poetas sem idade,
Pela eterna curva da Saudade?
Não te ouço nem te sinto
Porque és a angústia viva do fingimento
O lamento sem fim escondendo a gargalhada
O canto do cisne sem que nenhum deslize pelo lago
Imaginas-me imaginando-te a imaginares-me
Espiralizas-te em imagens até ao disforme
E dizes que compões sinfonias
A régua e esquadro
Sem que vejas Regra diante de ti
(Cynthia Guimarães Taveira)
Nem por entre as brumas por onde te via, te vejo
Nos passos libertos agora meus
Os teus ficaram dissolvidos no vento
Nas palavras minhas que te faziam aparecer
As tuas nunca as ouve
Nos silêncios meus, grandes montanhas
Os teus um quase nada querendo ser tudo
Já não te ouço ou sinto
Como se te tivesses afastado sem que tivesses estado
E se há pontes, ou rotas nos céus
Em nós não crêem
Em ti nunca foram imaginadas
Em mim apenas porque imagino tudo
Como a primeira inspiração de um recém nascido
Se pontes ou rotas, estendidas para os teus ombros e deles para cima, para a coroa de céu
Não vivem em mim, não ficaram por mim
Depois de as imaginar
Balançaram com o vento que te levou
Sempre quiseste a poesia
Para brincar com ela, boneca e carrinho de meninos
Sempre acreditaste mais nas palavras do que em mim
Sempre quiseste a transcendência por elas
Mas elas são pássaros que voam livremente
Nos quartos do meu palácio
Onde não te ouço nem te sinto
Nem lembro nada que não fosse uma
Bola de sabão a flutuar
Nas vertentes de montanhas onde
Deslizo agora pelos rostos de perfil
E nenhum deles é o teu
Porque nunca foste senão
O reflexo vago no espelho das águas
desfeito quando vi um peixe e o toquei
O mundo cresceu, dizem que não, mas vi-o expandir-se sem se cruzar contigo em qualquer parte da galáxia
Permaneces a ausência personificada
Se fores um deus és o da ausência
Porque os teus passos ficaram dissolvidos num tempo que nunca aconteceu
O teu rosto em mãos de areia
A tua sorte confinada à do destino
Sem a contemplação do improviso
Sem o salto sem rede
Sem que alcances o outro lado do precipício porque nunca estiveste
No meu coração que é absoluto
como o resultado de um conjunto total
ele próprio o itinerário desse transcendente
que tanto quiseste e não queres mais
Não te ouço nem te sinto
Na minha capa, na minha espada
Na minha nudez protegida pelos teus olhos cegos
Alguma vez soubeste que podia escrever pela noite fora pelos rumos de Xerazade,
Pelos poetas sem idade,
Pela eterna curva da Saudade?
Não te ouço nem te sinto
Porque és a angústia viva do fingimento
O lamento sem fim escondendo a gargalhada
O canto do cisne sem que nenhum deslize pelo lago
Imaginas-me imaginando-te a imaginares-me
Espiralizas-te em imagens até ao disforme
E dizes que compões sinfonias
A régua e esquadro
Sem que vejas Regra diante de ti
(Cynthia Guimarães Taveira)
Sem comentários:
Enviar um comentário