quinta-feira, 12 de março de 2020

O exílio


Ter uma casa cheia de livros e com material para trabalhos manuais é uma bênção nestas alturas. Que fazem as pessoas dentro de quatro paredes para além de se agarrarem à televisão e aos computadores? Não faço a mínima ideia. Parar. Já vivo nos prazeres do exílio há tanto tempo que não noto grande diferença. Está tudo tranquilo há muito. No entanto, é necessário ter inteligência e sensibilidade para se viver no exílio. É isso que é pedido, acima de tudo. Sem isso, o caos aparece instantaneamente. Devia existir um acompanhamento para os exilados inexperientes. Para que não sofram, nem façam sofrer. E, de seguida, poderem, enfim, parar. E estar bem. E aprender a falar consigo próprios, muito mais do que com os outros. Todo o exílio é profundamente interno, o externo é apenas um reflexo. E tem duas regras: não se estar sozinho e aprender a estar-se só.

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