quarta-feira, 25 de março de 2020
Os astros
Depois de ter recebido uma mensagem de alguém que dizia que iriam morrer muitas pessoas como morrem muitas no mundo, fiquei intrigada. Neste momento há uma pandemia como sempre houve, disso sabemos, mas a verdade é que se podem evitar mortes. Se estivermos no comando de um avião e se pudermos evitar que ele caia, parece-me óbvio que o façamos. Atribuir essa acção aos astros ou aos deuses, em termos práticos, é irrelevante. Atribuir a morte ao destino, também o é. Se tudo está escrito, a nossa acção é irrelevante. Isto faz-me lembrar o filme Laurence da Arábia no qual uma personagem é salva por Laurence e mais tarde acaba por morrer, sendo essa morte atribuída ao destino. Laurence tinha tentado contrariar o destino. O mesmo fazem os médicos e as enfermeiras. Se são assistidos por anjos ou demónios isso é matéria a ser atribuída aos "mestres" do oculto. Normalmente, fazem como o jogador João Pinto: "prognósticos, só no fim do jogo". A parteira de Hitler terá sido assistida por um anjo ou por um demónio? A criancinha teve de crescer primeiro para se ver. Evidentemente que os "mestres" do oculto preferem dizer que tudo está escrito, que as coisas, no final, contribuem para a "ordem cósmica", sejam elas comandadas por demónios (os anti-destino na visão de alguns) seja por anjos (os do lado do destino, segundo os mesmos). Se as coisas fossem tão a preto e branco (para resultar num cinzento pardo no final) o mundo estava mais do que explicado. Mas não são. Segundo a tradição, alguns cumprem o destino, porque é essa a sua condição. Outros há porém, que por estarem de alguma maneira ligados ao centro, estão para além do tempo e a esses é concedida a providência que é superior ao tempo e ao destino (dizer que a providência faz parte do destino é negar a dimensão extra-temporal e, por isso, extra-astral ou universal). Os defensores de que só há destino dizem frequentemente que existe o livre arbítrio dentro de determinadas balizas e que, mais tarde ou mais cedo, o destino se acaba por cumprir. Negar isso seria também um pouco idiota. O que nos incomoda são os "prognósticos" depois do jogo. A justificação para tudo com o destino e a redução do homem à dimensão espaço-tempo colocando de lado a sua dimensão extra temporal que o pode atravessar, como um raio e mudar o destino. A fronteira entre o tempo e o extra-tempo daqueles que tentam salvar vidas é um verdadeiro mistério. Depois de salvarem uma vida podemos sempre dizer que era o destino mas nunca saberemos se esse destino foi o produto de uma intervenção do extra-tempo, para lá até dos anjos. A dimensão extra-temporal pode dar-nos a ilusão (ou a impressão) de que se tratou do destino mas, na verdade, pode estar além dele. Os anjos e os demónios (ou as marionetas e os fantoches) estarão sempre na esfera do destino mas o mistério da vida e da morte, no seu íntimo, sabe Deus quantas vezes pertence à sintonia absoluta do ser humano com aquilo que está para além do tempo. Quando isso acontece, já não se trata de anjos e demónios. Trata-se de arte. A verdadeira transmutadora dos seres. A arte pode servir-se de anjos e de demónios mas tem os seus alicerces na Vontade/Desejo, verdadeira força que encaminha todo o Universo. Ela, ora contraria, ora utiliza os anjos e os demónios. Qualquer atitude de "superioridade" que vá no sentido de que se "domina" ou que se "conhece" tudo o que se passa tem o nome de "soberba". Na verdade, alguns são fantoches, outros marionetas e outros ainda, muito mais do que isso. Os vaidosos, porém, são só vaidosos. O destino pode sossegar mas também pode adormecer. Nunca saberemos quantas vezes as trovas do Bandarra se repetiram na História. No passado e no futuro. Ninguém esteve vezes suficientes no passado para poder saber isso. Ninguém esteve suficientes vezes no futuro para o saber também. Os ciclos são espantosos mas a espiral ainda o é mais e o seu impulso (ou mola), pertence à esfera extra temporal e dessa muito poucos dão testemunho. Em rigor, nem o chegam a dar. São mais do que testemunhas, estão no centro.
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