quinta-feira, 12 de setembro de 2019
Os esotéricos portugueses
Existe um código mudo no mundo esotérico português. É o da presença. Se existir um grande colóquio e se, sobretudo, esse colóquio ou congresso for organizado por uma entidade considerada meio imparcial ou à margem e se todos os nomes "sonantes" forem convidados, então são capazes até de aparecer. Mas se x ou y ou z ou w ou quem quer que seja fizerem um "evento" por iniciativa própria, raramente vão às iniciativas uns dos outros. Os livros uns dos outros são comprados pela calada (ninguém tem de saber) e quando vão aos eventos uns dos outros, o que só acontece de cada vez que Neptuno acaba de dar uma volta completa ao Sol, vão por uma razão qualquer obscura. Quando querem ir mas não querem ir em pessoa mandam os lacaios que lhes transmitem a informação do que viram, do que ouviram e do que aconteceu. Acho que bem lá no fundo se detestam uns aos outros mas dizem que não, que são muito espirituais, que estão muito à frente, que são muito Zen e resistentes aos choques de narizes. Aconteceu-me a mim, enquanto por lá andei, ser sensível a todas as críticas, ficar chocada com todos os choques, ficar diminuída com todas as diminuições, sentir-me embaraçada com todas as exaltações. Depois, chegou o abençoado silêncio de estar longe. Também fiquei a destestar o clima em geral. Eles destestam-se uns aos outros. Eu detesto o clima geral.
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