sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

O transcendente


Dizem que no plano subtil há um bocadinho de tudo porque é um "lugar" psíquico. Digo dizem porque pessoalmente não sei nada. Nunca experimentei as delícias visionárias dos psíquicos e dos místicos e prefiro sempre abordar essas questões usando a bata branca que proporciona a higiene mental e corporal. O facto de pintar um outro mundo deve-se a alguém que vive paredes meias dentro de mim e comigo e que "tolero" não vá o transcendente cair-me em cima dando cabo definitivamente do meu ego que tanto estimo e tento desalmadamente impingir aos outros numa autopropaganda que é virtude para uma bata branca que se preze. Esses planos psíquicos que podem ser infrahumanos ou angélicos trazem consigo, (digo isto após análise atenta desses seres inferiores, visionários e magalomanos) e embora pertencendo a outras esferas, o problema do belo. Para um cientista social, como é o meu caso, o problema do belo não se coloca, é relativo e pronto. Para a tribo A o que é belo pode ser horrível para a tribo B. Isso é verificável no nosso país onde ninguém se entende por causa dos partidarismos, dos mais rasteiros (vide política), aos mais pseudo-superiores (vide religiões), passando pelas filosofias que batem um duplo record: conseguem ser do mais resteiro e pseudo-superior que há consoante se encontram mais perto da política ou da religião numa oscilação que por vezes é ténue, e por outras vezes, nem por isso. Fulano filósofo é bom porque é católico ou fulano filósofo é bom porque tem tendências socialistas, ou ainda, fulano filósofo é bom porque é as duas coisas. Enfim, com maior ou menor oscilação encontram-se sempre na mesma recta numérica.
Depois há os esoterismos e, tirando as confusões que herdámos dos séculos XVII, XVIII, XIX, e colocando isso de parte (basta estudar um bocadinho o tema para ver os monstros de várias cabeças nascidos nesses três séculos), sobra ainda espaço para aqueles que gostam do inframundo e o confundem muitas vezes com o inferno (não é o inferno, é pior...) e os do mundo superior donde emana a beleza reconhecível (que se volta a conhecer). Para quem ama o infra-mundo, o "máximo" é esse inframundo. O diabo é um "espectáculo", é muito bom, é positivo. E pronto, penso que já se percebeu onde quero chegar. O belo não é relativo quando toca à transcendência. Depois há os que nascem com o sentido mais apurado da beleza transcendente. O que é superior só o é porque foi apurado. Os outros são baralhados, amnésicos e almas jovens. Não há outra explicação.  O relativismo da beleza explicado pelos antropólogos de bata branca é igual ás asas negras dos morcegos. Só voam para baixo. O resto fica sempre por explicar.

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