Banho Maria, águas de bacalhau, em suma, “mornoficação”, palavra inventada agora para tentar descrever os efeitos e movimentos da teoria da guerra suave e amorosa, autêntica massagem de egos, ternura incomparável, fusão sublime com o inimigo por entre um (muito vago) perfume de rosas, teoria proposta pela camada fina que cobre o bolo actual da pseudo-filosofia que nada mais é do que um modo de vida. Bato-te. Oh! Mas bato-te com uma flor porque estou tão, mas tão perto da Santidade, da Perfeição etc… & tal, Lda. Poupem-me a estes comportamentos adoptados porque produtos do raciocínio, apenas do raciocínio e nada mais, porque o corpo não está lá, nem a presença, nem a luz, nem nada que valha a pena.
A agressividade passiva, topo dos topos do feminismo, é o timbre dessa filosofia de vida que nem sabe ser agressiva, nem amorosa; nem sabe ser amorosa, sobretudo, depois das tormentas e dos raios e da violência e das vagas e das tempestades e das “lágrimas do céu” como cantam os “Heróis do Mar”. Querem uma espécie de Descobrimentos da Sabedoria, fácil, com menu a bordo e uma grande festa num palácio improvisado no convés. Querem uma viagem sem Moby Dick, sem Baleias, sem Jonas, sem segundos nascimentos de verdade e não essa fantochada imaginária produto da volta que deram aos desgostos da vida. Uma viagem tranquila, feita de sonhos vagos e visões/desejos para a sua própria vida, apimentada com uma ou outra colher de erudição.
Ai! Que enjoo, mas que grande enjoo isto provoca. Antes o enjoo de não ter tempo para guardar as velas, não vá o vento rasgá-las, o enjoo da vaga que cobre o barco, o enjoo das balanças que nos levam a saltar na casca de noz para ficarmos a saber que sabemos voar. Mas não! Anda tudo em gôndolas! Por esses canais apertados por palácios (em ruínas) que são montras do luxo cultural orientalizado, meditado, sentado em posição de lótus a pensar em coisa nenhuma enquanto o barco se afunda. E ninguém puxa as cordas e ninguém vai ao leme (quanto mais o “mais do que eu”, pois claro, nem nasceram de novo…) e ninguém grita (é de mau tom) por Deus, por Santa Maria e se sacode e salta e voa porque tem mesmo de ser. Porque têm de Ser!
Oh! Poupem-me a esses retratos mandados fazer a metro para caberem na parede do palacete. O vosso coração nem se aperta, nem se rejubila:
-- Dê-me Vossa Excelência a honra de vos dizer que o que está a dizer é uma inverdade, uma aproximação ao largo, um ligeiro desvio da rota, um erro, a-b-s-o-l-u-t-a-m-e-n-t-e humano, isto não desfazendo a Magnífica pessoa que é, bem com a sua Obra! Oh! A sua Obra que tenho o prazer de ter em casa numa prateleira central; central, percebeu? Isto não desfazendo, claro…
E mexe os dedinhos, e faz um sorrisinho, na sua posição de Lotús. (Onde é que andam as flores de Liz, onde???).
Poupem-me a essa esperança vaga na humanidade que é sempre construída mentalmente, raciocinada a partir de Um Exemplo Particular que Aconteceu na Vida do Próprio e que é imediatamente Amplificada para toda a humanidade (megalomania da mais pobrezinha que há…), poupem-me a essa poesia florida que tem de ser toda explicada, símbolo por símbolo (quando os há) porque ninguém os conhece. E porquê? Porque não querem saber. E porquê? Porque a humanidade se estupidificou (isto não desfazendo) e vamos tentar dizer E-s-t-u-p-i-d-i-f-i-c-o-u com um sorriso. Soa a cinismo, não soa?
Meus lindos, camaradas, companheiros, colegas, parceiros, partners, se Jesus viesse à terra e visse os vendilhões (que não são só de lembranças de Fátima, mas pior, de sentimentos e de poses baratas) teria que pedir ajuda a arcanjos, multiplicar até, aquele que traz uma espada na mão e começava numa ponta, por esses meditativos de sorriso prostrado, co-adjuvantes desta humanidade de trapos embebida em água morna e acabava noutra, feita de vendilhões de filosofia de banha da cobra.
Sempre crítica... Bom dia!
ResponderEliminar