quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O Bastião



Sempre existiram civilizações (que são modos de viver) que se destacaram. Mesmo por entre a imensidão dos reinos, as civilizações foram modelos dos quais os reinos dependiam, sobretudo culturalmente, naquilo que continham em si de vanguarda, no seu sentido profundo que é o da aproximação à Tradição. A civilização de hoje, é uma só. A norte americana. Rússia, China, Índia, Europa, sucumbiram ao modelo norte americano, um a um, ou em simultâneo, ao aderirem a três vectores fundamentais norte americanos: o valor monetário, o ideal da eterna juventude (para não dizer infantilismo) como indicador maior cultural e a tecnologia como apêndice e/ou complemento do ser humano.
Portugal guardou alternativas:
Uma língua rica, um temperamento em simultâneo doce e exigente, o comércio nato com dimensões que vão para além do aspecto monetário, a preferência do trabalho manual em detrimento de uma tecnologia invasora e dominadora do ser humano, a poesia (mais até do que a literatura ou a vã filosofia), a História e a Iniciação na/e com a História.
Ter a percepção disto é fundamental para o desenrolar do tempo.
Ter a percepção de que este conjunto de valores, intrinsecamente portugueses, são indissociáveis, de que são impossíveis de serem copiados e de que são apenas susceptíveis de serem vividos é ter a percepção deste país como sendo, em muitos aspectos, um bastião qualitativo.

 

 

 

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