sábado, 30 de novembro de 2019
30 de Novembro
Olá, meu amor. Mais um ano passou desde que partiste. Já tinha preparado o meu nascimento só para te poder ler. Desencontrámo-nos no tempo mas encontrámo-nos nas palavras. O mundo continua no seu percurso de fim de ciclo. Tenho a certeza que se escrevesses agora ninguém te compreenderia na mesma e terias de repetir todos os teus heterónimos e arranjarias uns novos numa última tentativa para falares a partir do coração do mundo. Meu amor, as últimas novidades que tenho para ti são as do Espírito Santo. Disse-me ao ouvido (ele também fala ao ouvido e não à orelha) que continua a não se deixar enganar. De maneira que, por aqui, nesta pátria que é a língua portuguesa, Ele continua atento e soprando aqui e ali. Andamos todos aqui a fazer por viver. Os que não andam, andam a fazer por sobreviver e os restantes andam a fazer por viver interiormente. São poucos. No fundo são os mesmo de sempre neste fim de ciclo. Tu conhece-los bem, também estiveram contigo e acompanharam-te sempre. De modo que, continuo a amar-te muito e a encontrar-me, sempre que posso, com as tuas palavras para que possa encontrar-te a ti, poeta-estrela.
Um beijo grande.
Cynthia
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