sábado, 30 de novembro de 2019
A Grandeza
Alexandre, o pequeno, nunca foi o Grande. Também tinha, como o Grande, um lado feminino, de tecedeira. Alexandre, o pequeno, tecia com fios que encontrava pelo caminho, opacos e tristes, restos de palavras apanhadas em redes de borboletas. E o tecido, tecido por ele, era uma serapilheira gasta, baça que caía tristemente sobre o branco sujo do papel amarrotado. Alexandre, o Grande, era aquela tecedeira que não negava a noite e o dia e que, a qualquer hora, cruzava os fios nocturnos que apanhava das águas onde se reflectia a luz da lua e os raios de sol, formando com eles bordados, sem que houvesse qualquer diferença, entre eles e os do céu. O tecido luxuoso era depois transportado em caravanas e ia vestir os reis e as rainhas do outro lado do mundo e que, desse modo, iluminavam os seus reinos.
A matéria-prima, que um e outro conseguiam apanhar era aquilo que um e o outro eram verdadeiramente. Como se depreende daqui, o nome não interessa para nada. Apenas a Grandeza.
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