terça-feira, 19 de novembro de 2019

A diferença pequena


Bem, parece que o amor está na moda (no ar não sei se está) e eis que hoje me encontro com duas frases contraditórias, uma de Camões " (...) e sabei que, segundo o amor tiverdes / tereis o entendimento dos meus versos", e uma outra que circula por aí e que não sei de quem é, talvez seja de Santo Agostinho: "ninguém ama o que não conhece". Assim, temos dois movimentos, o primeiro parte do amor para o conhecimento e o segundo parte do conhecimento para o amor. Penso que é indiferente, por vezes é uma coisa, por vezes, outra porque, às tantas, é a história das "bacias semânticas" apontadas por Gilbert Durand : as ondas formam a bacia e a bacia forma as ondas.
Mas sempre preferi poetas a padres porque eles guardaram a tradição. E o amor. E a beleza. E porque o conhecimento do e pelo coração não é factual, quantitativo, enumerável. E porque as razões do coração são as do coração e não são outras. Sei que  sempre gostei de flores. Sempre. E um dia, elas explicaram-me porquê. Só mais tarde soube porquê e foi porque elas se desvendaram, sem que pedisse, mas sim porque souberam que as buscava. Desta forma, a palavra "pronto", da qual fala Fernando Pessoa, soa pelo cosmos. Acorda os seres. Vibra dentro deles e desabrocha. Beijaram-me a mão quando entrei para o universo delas. Entre pedir e buscar, há toda a diferença do mundo...

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