quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Os discípulos de Darwin

 


‌O conceito de evolução do ser humano assente na performance tanto do corpo humano como da moral nada tem a ver com a espiritualidade. Como já escrevi, convém, nas utopias, visualizar os resultados e os resultados desta utopia moderna são os das máquinas perfeitas e extraordinariamente próximas do ser humano. Em termos humanos, esse conceito é o do prolongamento da vida saudável o maior tempo possível e, no que respeita à moral, advogam-se seres humanos deslumbrantes no amor ao próximo, incapazes de um acto malévolo, respeitadores, até à exaustão, de tudo: da natureza, dos outros, de si próprios etc e tal. A utopia da evolução é esta. A espiritualidade, coisa arcaica, vai noutro sentido e visa a espiritualização da matéria ou a materialização do espírito, movimento duplo. O espírito, numa perspectiva evolutiva, nem existe. É uma espécie de mito arcaico fora de prazo e sem Autenticidade. A Alma, essa doida, ainda está por ser autenticada e resta-nos a matéria (em sânscrito a palavra matéria nem sequer existia...). De maneira que, a soberba da nossa utopia é pensar que a tecnologia acompanha e faz evoluir os seres humanos. Provavelmente, os vegetarianos, hiper-evoluídos no Amor ao Bicho (mas não às Plantas), acabarão por nascer sem dentes por estes já não fazerem falta. É uma evolução como qualquer outra...e uma consequência dos seres avançados moralmente. Aquilo que a Tradição aponta não é a ideia de "evolução", mas sim, a ideia de "desenvolvimento" e esta serve para tudo. Quando falam em "evolução" a ideia subjacente é sempre a ideia de conforto. Viver confortavelmente e feliz por o maior período de tempo possível. A pergunta que se faz é a seguinte: O que é que isto tem a ver com a imortalidade da alma? De que maneira é que uma vida extremamente equilibrada e confortável estimula essa imortalidade, mais ainda, a Libertação, na perspectiva Hindú? E não há resposta para isto porque se tratam de campos absolutamente diversos e perspectivas sobre o que é que andamos cá a fazer também absolutamente diferentes. Segundo a Alquimia, tão apregoada a torto e a direito, a fase Negra é Essencial. Numa sociedade perfeita, em total acordo com os variadíssimos itens de conforto, essa fase Negra nunca existiria, nem pouco mais ou menos e os homens viveriam numa perfeita utopia, julgando-se perfeitos sem nunca passarem pela morte nem pela putrefacção. É o que muitos já fazem actualmente quando apregoam as maravilhas tecnológicas como provas irrefutáveis de uma evolução que não é mais do que o desenvolvimento de uma ou de outra condição. A condição humana, por seu lado é muito mais complexa do que isso. O homem "mais evoluído" é aquele que a moral em vigência publicita e/ou aquele que possui ou faz o último grito tecnológico sobretudo quando esse aumenta o conforto dos seres humanos. O Extraordinário disso tudo é que tanto uma coisa como a outra estimulam a palavra chave dos homens soberbos: a competição, ou seja, Darwin no seu melhor, pai e mentor de taís visões "evolucionistas". Uma outra coisa que, a utopia moderna não suporta é a ideia de ciclo porque este, de alguma maneira, "atrasa" a evolução tão cobiçada. E não só atrasa como, em grande medida, a contraria. Porque, mais tarde ou mais cedo, essa "evolução" que não passa de um desenvolvimento, disto ou daquilo, acaba. De maneira que uns falam de alhos, outros de bugalhos. Os "evolucionistas" acabam por morder a própria cauda num eterno ciclo que negam e, quanto mais o negam, mais andam nele sem nunca conhecerem sequer a Ideia de Libertação, essa sim, outro patamar desta história toda que é ser-se humano. 






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