Hoje vi este filme requintado. É muito actual. No fundo, fala de um fahrenheit 451. Há uns dias, uns padres polacos resolveram fazer uma fogueira com alguns livros dos quais não gostavam e, como não gostavam, ninguém poderia gostar Evidentemente que já vimos o mesmo gesto feito pela Inquisição ou pelos Nazis, e que, aparentemente, esses padres polacos, não viram.
Não é só em Portugal que as livrarias estão a fechar, é um pouco por toda a parte. Por este andar não é necessário queimar livros, eles pura e simplesmente desaparecem como objectos e tornam-se e-books, quando se tornam, ou são substituídos por Wikipédias. Haverão meia dúzia de gatos pingados com um livro debaixo do braço e o restante andará de telemóvel.
O espaço de uma livraria (falo de livrarias e não de Fnac's que são hipermercados mal disfarçados) é insubstituível. O cheiro, o pó, os pensamentos, os livros, as pessoas, a luz, a disposição, o silêncio, as palavras, os recantos, as sombras, as surpresas, os encontros, as trocas, os instantes, as memórias, a respiração, o tempo, todas estas palavras juntas são uma livraria. De maneira que, quando fecha uma livraria, fecha tudo isto. E fecha-se um mundo e talvez também uma perspectiva de mundo. Um mundo que não é tão a preto e branco. E o modo como este filme fala disso é doloroso e encantador. O espaço é muito mais importante do que se pensa. Porquê? O melhor é irem à procura de livros que falem disso. E de outras coisas. Se quiserem mesmo saber.
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