sexta-feira, 26 de abril de 2019

Instituições


Qualquer instituição em Portugal é hoje um barril de pólvora e isto porque os portugueses sofreram uma mutação genética: o mesmo povo que conseguiu unir-se e lançar-se nos Descobrimentos é o mesmo que hoje não consegue nem uma empreitada. Deixámos de saber ter um objectivo maior do que nós. Não o temos, de facto. Encontramo-nos demasiado fragilizados por séculos de Inquisição, meio século de Ditadura e quase meio século de Democracia mal parida, mal crescida e mal frequentada. O que fomos, já não somos. Todas as instituições possuem os vícios dos três erros da História de Portugal pós-Descobrimentos: Inquisição, Ditadura, Democracia em proporções diferentes conforme os casos. Junte-se a isto a cultura geral da Ignorância que infestou todo o planeta e temos um país sem rumo dançando ao toque dos defeitos nacionais e dos interesses internacionais. É o nosso Sol e o nosso sorriso natural para os estrangeiros aquilo que ainda nos mantém de pé. Não temos violência nas ruas porque ela está difusa, espalhada pelos lares, espalhada por todas as instituições. Quem mantém a alma portuguesa é quem, no seu pequeno mundo, consegue fugir a estes defeitos. Quem mantém a sua alma viva e acessa, quem não tolera nem Inquisições, nem Ditaduras, nem Democracias que são oligarquias económicas disfarçadas, quem acredita num rei, quem pede para saber mais, quem vai dar uma volta em vez de bater, quem bebe vinho sem culpa, quem escreve sem compaixão pelo critério dos outros, quem cria a partir de dentro e quem, sempre que pode, foge de qualquer Instituição. Elas minam o país, as pessoas e o futuro de Portugal.

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