sexta-feira, 19 de abril de 2019

O coelho e o ovo



Então aqui vai, sem rede. Ou seja sem dicionário de símbolos.

Páscoa - coelho - ovo - fertilidade - Primavera.

Fertilidade - Primavera - devia ser início do ano (é no Budismo: o primeiro mês anda mais próximo do equinócio da Primavera) e no Hinduísmo, lá para os fins de Janeiro.

Início do ano aqui pelo Ocidente: primeiro mês Janus - Janeiro - Porta do Céu.

A porta do Inferno é para Agosto.

Judaísmo, Islamismo - início do ano lá para o equinócio de Outono.

Nascimento de Cristo: perto do solstício de Inverno.

Então temos:
Os equinócios estão ligados ao início do ano
Só por estas bandas está mais ligado ao solstício de Inverno por causa da Porta do Céu.

(há que começar por cima - o que contraria aqueles que dizem: está você a começar a casa pelo telhado. Artisticamente falando, é exactamente pelo telhado que se começa porque é de cima para baixo - já os caracteres são assim escritos, como os hieróglifos egípcios quando estão escritos na vertical, são escritos do mesmo modo, de maneira que quando me dizem "está a começar pelo telhado" considero isso um cumprimento, no duplo sentido).

Assim temos uma morte de Cristo na Páscoa para depois nascer de novo. Mentira, nunca morreu porque a morte não existe. Perceberão agora a metáfora do Carnaval, da máscara roxa?

Assim o que há é ascensão ou salto para outro plano. Fertilidade mas de uma outra ordem: a associação do coelho com o ovo indica uma dupla fertilidade, logo, segundo nascimento, logo a passagem para outro plano.

Temos então outro solstício, de Verão, assim mais joanino (ainda outro salto): saltar as fogueiras do Inferno. Já no regresso, para quem o faz, então já se saltam as fogueiras do Inferno (lembrar que Agosto, em pleno Verão, se abrem as portas do Inferno).

No equinócio de Outono, para alguns calendários dá-se o início do ano. Então porquê? Porque a terra vai entrar em recolhimento depois das sementeiras. Em primeiro lugar lançam-se as sementes (uma fertilidade anunciada), depois o recolhimento, ou, adormecimento da terra (a não manifestação, na linguagem de Guénon, a que temos direito.. ), aquilo que está antes do visível surgir, antes da Primavera.

Assim as temos as sementes (quando começa o ano para alguns calendários).
O recolhimento da semente - a "morte"  da semente, a potência da semente. As portas do céu e o início do ano perto do solstício de Inverno. 

Depois temos as flores na Primavera - lá no Paraíso havia muitas - e o nascimento, o Segundo para nós aqui do Ocidente que é o Primeiro para o Budismo. Paraíso a partir do qual se pode ascender.

O regresso, enfim, por portas do Inferno que já podem ser atravessadas, como as fogueiras já podem ser ultrapassadas porque nesse plano "o que é dentro é igual ao que está fora". Como os frutos são apelativos por fora e saborosos por dentro, ou seja, já não é necessária a instituição do rito porque o Gesto natural é já rito - daí que o menino pintado por Margarida Cepêda e que evoca o Quinto Império tenha mãos de Fogo. Sob esse signo, que é o do Espírito Santo, está inscrita a próxima Idade, que será D'Oiro.

No fundo, no ciclo, o ano pode comecar pelo equinócio de Outono, pelo solstício de Inverno, pelo equinócio da Primavera e quando falamos do solstício de Verão então falamos das ligações entre o céu e o Inferno e das proximidades entre ambos ... De maneira que, dito isto, fico a aguardar a Idade do Ouro porque já me fartei desta.
Cumprimentos...

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