Quando a confusão é muita, limpa-se a tela.
Tenho por isto uma conduta frequente. Chego a varrer as pessoas à minha frente e penso nelas como cenário. Isto em casos extremos. No geral, a tela em branco é uma simples paisagem que vive por si. No campo das "ideias", esta conduta também não é má. Foi assim que dei por mim a rever a História do Esoterismo (aquilo que se entende por História: uma sucessão de acontecimentos no espaço e no tempo) e, ao revê-la cruzei-a com dados pessoais e intransmissíveis. O resultado tem sido qualquer coisa como as perguntas: onde é que em Portugal podemos encontrar elementos que tivessem pertencido à Tradição Primordial? E onde é que sobrevivem?
Passada a confusão em que fui mergulhada, e digo fui, porque isso aconteceu efectivamente, passei por um período de "nojo" a tudo o que fosse dessa área. E no fundo era o "nojo" nos dois sentidos. Passado esse período no qual nem sequer podia olhar para um livro dessas temáticas iniciei a re-leitura de algumas fontes - quanto mais antigas no tempo, melhor. As heranças do século XIX são qualquer coisa de abominável. Aliás, esse século só prestou nas artes e pouco mais e os que lhe sucederam ainda mais tristes foram. A crise já vem de longe, de mais longe do que o século XIX. Houve com tudo isto uma espécie de nascimento de "olhar límpido" capaz de ver limpidamente. Aquilo que vejo na actualidade não é muito agradável. As pessoas estão confusas. Tão confusas que se atiram para o "imaginário" de qualquer maneira. Vão como estão. As consequências são hilariantes, por vezes, sobretudo pela contradição. Dizem coisas absolutamente estranhas e actuam com o possível rigor àquilo que dizem, já por si estranho. É assim que se vêem nascer novos templários, novos bruxos, novas Inquisições, novos Martinismos, novos Merlin's, novos isto e aquilo. Não se trata bem de uma continuação daquilo que ou já tinha morrido ou já tinha nascido torto. Não. É mesmo a novidade total. A re-invenção raia a certeza inabalável nessa novidade como facto consumado. Em Jerusalém é possível ver caminhar alguém vestido de Napoleão, absolutamente convicto que é Napoleão. Este tipo de loucura aparece nas cidades muito fortes em História. Vários artistas enlouqueceram em Florença dando o nome à doença: "A loucura de Florença", devido à beleza que por lá se encontra. Há qualquer coisa que cede nas pessoas hoje. Que se quebra. E, de um momento para o outro, ganham uma nova, novíssima identidade ainda que mascarada de passado.
A Tradição não é nada disso. O que me interessa são os símbolos e a forma como estão presentes numa cultura. Esses sim, são veículos de alguma coisa longínqua. Para os alcançar, por vezes, temos de caminhar para além do espaço e do tempo, o que é completamente diferente de nos mascararmos de personagens que existiram na História. Mesmo até diferente de nos mascararmos daquilo que entendemos terem sido os mestres... O vazio da nossa época também é alimentado por esse tipo de comportamento nos meios "esotéricos" que acabam por contribuir para o vazio absoluto da própria vida. Quero com isto dizer que, aquilo que procuramos, por vezes, está debaixo do nosso nariz num disfarce de simplicidade (é o oposto da mascarada), daí que não seja visível. E quando se consegue ver, é espantoso. Para isso, há que ir às fontes e saber onde elas estão.
Tenho por isto uma conduta frequente. Chego a varrer as pessoas à minha frente e penso nelas como cenário. Isto em casos extremos. No geral, a tela em branco é uma simples paisagem que vive por si. No campo das "ideias", esta conduta também não é má. Foi assim que dei por mim a rever a História do Esoterismo (aquilo que se entende por História: uma sucessão de acontecimentos no espaço e no tempo) e, ao revê-la cruzei-a com dados pessoais e intransmissíveis. O resultado tem sido qualquer coisa como as perguntas: onde é que em Portugal podemos encontrar elementos que tivessem pertencido à Tradição Primordial? E onde é que sobrevivem?
Passada a confusão em que fui mergulhada, e digo fui, porque isso aconteceu efectivamente, passei por um período de "nojo" a tudo o que fosse dessa área. E no fundo era o "nojo" nos dois sentidos. Passado esse período no qual nem sequer podia olhar para um livro dessas temáticas iniciei a re-leitura de algumas fontes - quanto mais antigas no tempo, melhor. As heranças do século XIX são qualquer coisa de abominável. Aliás, esse século só prestou nas artes e pouco mais e os que lhe sucederam ainda mais tristes foram. A crise já vem de longe, de mais longe do que o século XIX. Houve com tudo isto uma espécie de nascimento de "olhar límpido" capaz de ver limpidamente. Aquilo que vejo na actualidade não é muito agradável. As pessoas estão confusas. Tão confusas que se atiram para o "imaginário" de qualquer maneira. Vão como estão. As consequências são hilariantes, por vezes, sobretudo pela contradição. Dizem coisas absolutamente estranhas e actuam com o possível rigor àquilo que dizem, já por si estranho. É assim que se vêem nascer novos templários, novos bruxos, novas Inquisições, novos Martinismos, novos Merlin's, novos isto e aquilo. Não se trata bem de uma continuação daquilo que ou já tinha morrido ou já tinha nascido torto. Não. É mesmo a novidade total. A re-invenção raia a certeza inabalável nessa novidade como facto consumado. Em Jerusalém é possível ver caminhar alguém vestido de Napoleão, absolutamente convicto que é Napoleão. Este tipo de loucura aparece nas cidades muito fortes em História. Vários artistas enlouqueceram em Florença dando o nome à doença: "A loucura de Florença", devido à beleza que por lá se encontra. Há qualquer coisa que cede nas pessoas hoje. Que se quebra. E, de um momento para o outro, ganham uma nova, novíssima identidade ainda que mascarada de passado.
A Tradição não é nada disso. O que me interessa são os símbolos e a forma como estão presentes numa cultura. Esses sim, são veículos de alguma coisa longínqua. Para os alcançar, por vezes, temos de caminhar para além do espaço e do tempo, o que é completamente diferente de nos mascararmos de personagens que existiram na História. Mesmo até diferente de nos mascararmos daquilo que entendemos terem sido os mestres... O vazio da nossa época também é alimentado por esse tipo de comportamento nos meios "esotéricos" que acabam por contribuir para o vazio absoluto da própria vida. Quero com isto dizer que, aquilo que procuramos, por vezes, está debaixo do nosso nariz num disfarce de simplicidade (é o oposto da mascarada), daí que não seja visível. E quando se consegue ver, é espantoso. Para isso, há que ir às fontes e saber onde elas estão.
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