quinta-feira, 11 de abril de 2019

Cá por casa, tudo doido


Todas as quartas-feiras vejo o Programa "Cá por casa" de Herman José na RTP. É um momento de descontracção, desde o Nelinho aos convidados e às rábulas, é verdadeiramente um gosto ver esse programa. Ontem o Nelinho estava muito indignado com as "castas", com o "rei" e com a "frequência" tradicional em geral. E o Herman convidou a Ministra da Cultura que "assumiu" há uns tempos, a sua "orientação" sexual, como se isso fosse importante para o cargo… se calhar é. Coitada da Ministra que quando falou em "evolução", (referia-se às "mentalidades"), disse que, por vezes, a "evolução" andava para trás e procurava, com algum empenho, um termo melhor . Ora bem, ou queria dizer "involução" e era uma chatice para a linguagem diplomática, ou queria dizer "regressão", o que era outra chatice ou queria, simplesmente dizer, "desenvolvimento", termo que não lhe ocorreu. Para Ministra da Cultura, esperava-se mais vocabulário.
Como Antropóloga, acho piada às questões que pulsavam ontem no programa de televisão. A ideia de "casta", uma ideia repugnante para o Nelinho estava presente na casta dos Gays e lésbicas - acho o nome "lésbica" detestável, faz lembrar uma lesma doente, mas elas é que sabem como gostam de ser tratadas, gay é mais giro porque faz lembrar alegria em português.
Já há muitas centenas de anos que as castas, na Índia nada têm a ver com a qualidade das pessoas. Com esta queda acentuada no disparate total, há, naturalmente, uma discrepância entre o céu e a terra, que é como quem diz, entre interior e o exterior. Por isso essa ideia é verdadeiramente repugnante e não equivale a nada nos dias de hoje. Dou toda a razão ao Nelinho. Em compensação temos novas castas que são baseadas em apenas duas coisas: a casta da "orientação" sexual que deve equivaler à casta sacerdotal  e a casta do poder monetário  que deve equivaler à casta dos guerreiros, ou então é ao contrário, não sei. O poder de compra e essa coisa muito interessante chamada "órgãos  genitais" e o uso que se faz deles, são as castas a que temos direito. Bem, podemos sempre "mudar de casta", enriquecendo ou mudando a "orientação" sexual, ou até as duas coisas, e passar a pertencer assim às castas superiores, evoluídas e empenhadas na revolução sexual e monetária. Quem sabe até ser um "rei" se tivermos o nosso programa de televisão e ser o seu centro. Não há nada como o humor. Sinceramente, estou-me nas tintas para a "orientação" sexual de cada um, e se é rico ou pobre, isso também nada tem a ver com o valor, a qualidade das pessoas. A razão das hierarquias prende-se com a qualidade dos seres humanos. A razão do "rei", prende-se com a necessidade de existir um "centro". Quando cabeças não simbólicas se põem a analisar símbolos, o resultado é a gargalhada total. Por isso ontem à noite ainda me ri mais do que o que costumo rir. É um pouco como dizer que a Ana Salazar é da família do Salazar.

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