segunda-feira, 29 de abril de 2019

Na aldeia e na ideia


A minha vida social na aldeia tem sido muito mais intensa do que alguma vez foi em Lisboa (excepto na juventude e na infância). Depois, pela noite, leio coisas longínquas e próximas como a aldeia e a ideia. Quando vou a Lisboa sou uma saloia sem ideias, na aldeia sou lisboeta sem ideias. As ideias são nocturnas e mal se dá por elas, são como a seiva de uma árvore. A seiva daquilo que somos. Quando digo que estudo todos mudam de assunto alegremente, as pessoas da aldeia regressam rapidamente às suas árvores de fruto, os de Lisboa não ouvem sequer porque perderam os ouvidos no longo e árduo caminho da civilização. Assim, pelo silêncio da noite, estudo. As estrelas escutam. O universo age em conformidade. E nada, após cada noite, é como dantes.

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