domingo, 1 de dezembro de 2019
O dinossauro que ri
O que viste que os outros não viram?
Ainda vos abraço sempre.
Não voltarás a esquecer-te da origem, das terras, dos pomares, do animais, dos lagos com peixes e de tudo o que viste sem que se dessem conta do que vias.
Havia tanto para dizer e tão pouco perceberiam do que haveria para dizer.
Em teoria, este país é maravilhoso e etc e tal e tal e tal e tal... como disseram os filósofos. Mas há mais, muito mais do que esse etc e tal e esse lado visível. Tem cavidades. Hoje soube que um dinossauro que esteve guardado na Amadora durante 60 anos é o Estegossauro mais completo da Europa. E disseram, sobre ele, que gostava de viver junto do mar. Completos, antigos e marítimos, é esse o muito mais que há em Portugal para além da filosofia e do etc e tal. Se se souber o que é ser-se completo, o que é difícil de saber, antigo, o que também o é, e marítimo, coisa muito complexa (nada é mais complexo do que o mar), então começamos a entrar nessas cavidades que compõem Portugal. A condição de entrada é irmos sendo completos, antigos e marítimos. Mas há coisas que não podem serem ditas em voz alta porque os sabichões escarnecem e gozam e, pior, destroem a mensagem. Os invejosos e os covardes dão cabo do país e de tudo o que verdadeiramente seja dito sobre a verdade dele e muitos deles vêm logo com aquela conversa sobre o facto da verdade não existir ou sobre o facto da verdade lhes pertencer, o que é o mesmo. Se for filosofia ainda toleram (os filósofos portugueses são considerados pelas elites como um bando de gente doida que, às vezes, muito de vez em quando, dá jeito que sejam citados em festas e "eventos"), agora quem fala dessas cavidades onde as origens estão incrustadas tem logo um exército de incompetentes de espada triste erguida a defender o pensamento e o modo de ser de uma qualquer globalização do momento. Um país que se vende por um saco de dinheiro (não é em vão que esses tostões sejam apresentados na bandeira, como aviso, ainda que inconsciente). Por cada dez seres que possam existir e que saibam quem são, há dez milhões (aproximadamente a população de Portugal) que não sabem quem são; por cada dez pessoas que sejam completas, antigas e marítimas, há dez milhões que são incompletas, modernas e exclusivamente terrestres ou deste mundo. De maneira que o batalhão que se ergue é imenso e defendem coisa nenhuma. Hoje, dia 1 de Dezembro, andam muitos a comemorar a Independência. Esquecem-se, evidentemente, de defender os portugueses dos próprios portugueses ou daqueles que se dizem portugueses não sendo coisa nenhuma. Até um dinossauro cadavérico faz melhor o serviço.
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