domingo, 8 de dezembro de 2019

Y de novo: resposta à resposta


Devo acrescentar que a bifurcação são as escolhas e que o terceiro trilho que fica para trás é a capacidade de olhar para o caminho percorrido com outros olhos, caso se escolha bem na bifurcação. Esse terceiro trilho que fica para trás é a capacidade de ver o passado com olhos novos e esse novo olhar indica que aquilo que dantes não fazia sentido se desvenda com um sentido simbólico. Evidentemente que existe o risco de se ficar estagnado nessa perspectiva nova. Fernando Pessoa, sentiu isso muito bem quando projectava o paraíso na sua infância, numa espécie de saudades (e não saudade como repetem os que leram alguma coisa) só que de um paraíso vivido na infância. Esse tipo de erro é muito comum e não tem nada de mal. Chamo-lhe erro porque pode conduzir a alguma estagnação. Frequentemente os poetas recordam a infância desse modo. É uma recordação, não é uma reminiscência (são coisas diferentes). Essa capacidade de ver o passado como um trilho já percorrido deve ser visto sempre em termos simbólicos e não com uma visão sentimentalista e lacrimejante. O pendor intelectual da obra de Fernando Pessoa é de tal maneira elevado que compensa em larga medida, essa tendência , no entanto, confundir infância com paraíso é um pouco abusivo para com o paraíso. A inquietude de Pessoa na demanda conduziu-o também à procura de sossego e a única lembrança que tinha dele era o da infância. A paz da sua infância, não a paz profunda que é outra coisa (desce do alto) e essa, sim, está ligada ao Paraíso. Um  "y" é um "y", não é um "v". 

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