quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Sábios e heróis


Os americanos gostam muito de fazer filmes-catástrofe para que, no fim, os heróis salvem o mundo. Isto da Greta é a mesma coisa. Um semi-messianismo ambientalista. Nos filmes-catástrofe, o herói salva o planeta para que o modo de vida e as mentalidades continuem intactas. Faz sentido. São filmes defensivos. A Greta, pensa que está num desses filmes, mas não está. Porque uma coisa é salvar o planeta para que ele continue exactamente na mesma, outra é salvar o planeta de todos os seres humanos para que ele passe a ser outra coisa. A par com as alterações climáticas normais que o planeta vai tendo (como sempre teve), há aquilo a que de modo genérico se pode chamar de lixo. As duas coisas juntas são complicadas e podem ter péssimos resultados. Por detrás da Greta há também o mito da juventude e da adolescência, coisa muito americana também. É nos jovens que está a salvação. Lembro que os hippies também quiseram mudar o mundo e parece-me que o fizeram por apenas alguns anos e apenas para alguns. Quando vejo estes adolescentes muito empenhados desconfio que possa ser sol de pouca dura, como aliás é a própria juventude. Num abrir e fechar de olhos, casam, têm filhos e estão numa loja de telemóveis cheia de lítio a comprar um deles para o filho ou filha, porque é preciso "venerar" as crianças e os adolescentes. Mudar mentalidades e a sua mudança não são a mesma coisa que enviar um míssil em direcção a um asteróide para que este não colida com a Terra. Por vezes, nem as catástrofes naturais mudam definitivamente as mentalidades. Da Atlântida para cá o que houve foi a degeneração progressiva até à loucura de colocar líderes no poder cujo comportamento é infantil e, por vezes, abaixo de infantil (também houve reis assim mas não eram colocados lá por via da democracia e do povo...). As mentalidades mudam-se pelo Espírito, ou antes, é o Espírito que as muda. O Espírito nem é a moral nem a degeneração da moral e pelos vistos está cada vez mais distante. O mundo está cheio de "heróis", sobretudo novos, que morrem jovens (somos muito gregos...), mas está parco em sábios ou em sabedoria, daquela muito velha, que nunca morre completamente, apenas se ausenta quando a sua voz não se faz ouvir. E é disso que francamente necessitamos. Os jovens, podem dizer o que quiserem (são livres), os sábios não funcionam assim: dizem aquilo que faz falta dizer e guardam silêncio quando este faz falta também. O sábio tem outro tipo de liberdade, aquela que também pode conter o silêncio. É sabido que a Sabedoria está ligada ao Espírito. Será exclusivamente por aí que se poderá ir limpando o planeta, primeiro das mentalidades e, por acréscimo, do lixo que é para não piorar as alterações climáticas que estão sempre a acontecer por via da natureza. Isto se os sábios quiserem falar, o que não devem querer fazer por já terem percebido que em fase descendente, o silêncio é de ouro ou ainda acabam crucificados em público. Sempre que um sábio fala, há jovens que se irritam, então agora ainda mais.
A sabedoria leva tempo. A juventude ainda não passou pelo tempo. É apenas reactiva, poucos jovens são intuitivos, e só muito de vez em quando um deles demonstra capacidades para, um dia, vir a ser sábio. E não é com Asperger que lá chegamos. Um dos sintomas da síndrome de Asperger é a incapacidade ou a muita dificuldade de ter um pensamento simbólico. Isto diz tudo. 

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