(Tanto se me dá como se me deu
Tanto se me dói como me doeu
Tanto se me faz como se me fez
Não morra o mundo e não morra eu)
Vivente num ser ausente
Não deixa pegadas na areia
Mas dança pela lua cheia
No sorriso esconde a solidão
Na solidão esconde o sorriso
Intermédia da vastidão
É-o em vasto ser insubmisso
Não talha a obra por querer
Talha os sentidos que quiser
Abrange o céu na sua mão
Escolhe e vive de viver
Vê para além do que não vê
Em velhas tontas vê donzelas
Escuta em tom de acontecer
Os poemas na voz das estrelas
Fala de saber ouvir
E nada ouve ou sabe saber
Acolhe a voz a partir
Liberta o silêncio que há-de vir
Escreve o sentido e significado
No mudo papel do outro lado
E na frente o verso acabado
Invoca o ser assim encontrado
Abre caminhos já abertos
Na precisão do gesto dado
Permite o sonho e o devaneio
Onde o sol dorme e donde veio
Nasce por si em cada cor
por tudo saber de cor
no centro do mundo a flor
em quatro cantos dista da dor
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