terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Negro

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O meu coração
É de noite
E de estrelas tristes
E nem tais cores
Ou sensações
São admissões
Do que há
Para lá da montanha
O meu coração
É feito de um jardim
De muros tão altos
Que nele
Só existe a sombra
De uma asa negra
O meu coração
Já não caminha
E toma o nevoeiro
Como seu
E o Inverno
Como testemunha
O meu coração
Arde fundo
Onde ninguém o pode alcançar
Onde ninguém o pode ver
Onde ninguém o pode ser
Ele é rubro para o céu
E negro de aço para a terra
Não é vitória porque não há guerra
Não é derrota porque não há glória
Origami de várias formas
Em papel de que alguém se farta
E deita fora
Em reciclagem prometida
Pelo universo desconhecido
Algures no lado de fora
Da minha alma

(Cynthia Guimarães Taveira)

 

 

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