sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A dádiva das tardes...




Coisas, tantas que por nós passam,
e não regressam envoltas em luz,
e não regressam em sinfonias,
e não regressam nem frágeis,
nem com um olhar que é longe...
Nem nos dedos simples de uma mulher.
E não regressam senão nos braços
de um Deus que é futuro demais,
longura de mais, sonho demais...
Há coisas que para sempre ficam,
nas nuvens do que são,
na eterna missão por cumprir,
num eterno devir, devendo-nos o seu ser.

E passamos, continuamos a passar,
rios intransponíveis,
rios dos desvios da nossa plenitude...
E no oceano, ao longe, só aí,
na bênção do pôr-do-sol,
nos encontramos no mesmo olhar,
em tardes irreflectidas,
dadas, vindas,
como a verdade viva
Suspensa no nosso mar.


(Cynthia Guimarães Taveira)

Sem comentários:

Enviar um comentário