domingo, 5 de outubro de 2014

Pessoas


Uma das vantagens de um estado de "olhar acutilante" (isto só para ser devidamente composta na definição sem chocar ninguém...) prolongado com uma possível denominação de “lucidez”, ou “realismo exacto”, ou talvez um estado que possa ser uma espécie de apreensão de o “estado” em que os outros se encontram ou por aí fora é o de perceber que cada pessoa é de facto um conjunto de crenças únicas. Ninguém crê no mesmo, todas elas são compostas por pequenos domínios produtos de um pouco de tudo: género, gene, genética astrológica, genética divina, genética cultural, genética erudita, genética biológica, genética de experiências pessoais, genética celeste e talvez mais por aí fora. Quando assim se apreende a realidade facilmente se percebe a forma de como um “grupo” é constituído. Um grupo é apenas um acordo, um contracto, uma plataforma para a construção ou destruição de qualquer coisa. Cada pessoa é um mistério, como o disse Olavo de Carvalho, e no entanto, cada grupo parece ser quase uma ausência dele, sobretudo nos dias de hoje em que facilmente se saltita da vivencia para a sobrevivência com uma facilidade enorme sendo que, por vezes, os domínios de uma e de outra se chegam mesmo a confundir...  

(Cynthia Guimarães Taveira)

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