Quem é que foi abandonado à sorte
num semi-berço de verga,
atirado, não ao rio, mas ao mar,
Num balanço de imprevisível aconchego,
ou das coisas que fazem parte
Da ordem da tempestade?
Quem é que nasce segunda vez,
e não sabe que o faz...?
Quem é que nessa pequena barca,
conhece a morte a navegar,
e do horizonte, retira e prova
O sabor de um dia novo?
Quem é que regressando, pára,
nas doiradas areias... lá deixado,
por onda finas, de espuma em renda?
Quem é que lá descobre, nas palavras,
o alimento das eras e a fuga das trevas?
Quem para sempre fica em terra,
balançando como o mar?
É o poeta, é o poeta, quando
Em português se torna e entorna,
(na pátria donde nunca se apartou)
As palavras das estrelas, do sol e do mar.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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