quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O tesouro





Anda! Vê!
Aquela gota de água transparente,
suspensa na flor
colhida em plena neve.
Corre por estes campos,
Nem verdes são de tão translúcidos...
Ergue-se a montanha a nossos olhos
Claríssima, tão clara, tão fina pelicula,
que do outro lado se vê
Vem! Porque te ris assim tão absolutamente?
Limpidamente clarificas os teus passos...
Sem que te dês conta sequer...
E falas-me de pirâmides de cristal,
Só por te lembrares delas!
Assim tão dispostas no universo...
Anda! Vê! Como transluzente é esse caminho
Aquele que tão poucos poetas da vida
Souberam percorrer, andando sob águas límpidas
Libertos do Inverno que é só frio...
 
Ninguém é como tu
Ninguém sabe como tu
Ninguém é tão voraz na veracidade
Ninguém é a certeza como tu
Ninguém é a verdade como tu
Ninguém conta a História como tu
Até à raiz do alto, até à via láctea
Até e de novo ao ovo
Até não haver diferença entre o que rimos
Até não ser diferente o que vês
Até que possa ser o abismo da fúria que é a vida
Até que se sai, se sai do exame lúcido da terra
 
És o tesouro do mundo
O mais bem guardado
O mais escondido
O mais insubmisso
Todo o resto do mundo
É um véu em desejo de luz
Sem o saber ser...
 
E Ergo-te acima de mim
Meu puro cristal, de puro calor,
de puro amor

E só assim, meu amor,
Só assim, só tão dificlmente assim,
Não terás de escalar a montanha
 
Ela curvar-se-á, naturalmente,  para ti.

 
(Cynthia Guimarães Taveira)

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