sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Manhã




Não sei se escrevo pela manhã
Para desabafar a noite que não soube
Como se cada palavra fosse a luz
Dada às sombras do mundo
Ao iluminar o rosto dele
As suas casas, o seu mar em desenrolo
As suas esperanças em verdes aflorares
Ilumino o rosto da face branca do livro
Que tão fechado, ausente, incluso esteve
Nos sonhos de quem não sabe
As manhãs são palavras escritas
A consciência escolhida de cada dia
E de novo o silêncio as recolhe
Em sol posto no mar da noite
Todo o fim é princípio
Só nos intervalos há eternidade
Em palavras, gestos, aconteceres
Que compõem o dom da verdade

 
(Cynthia Guimarães Taveira)

 


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