Quando acordo de manhã e me lembro, quase de imediato, do
mundo adoentado como está, só me apetece voltar a dormir. As pessoas continuam
e continuarão a votar em Bolsonaros, em Trumps, em esquerdas apavoradas com a
Tradição, em blocos centrais que produzem e fazem a manutenção do próprio
sistema levando as pessoas a votar em direitas e esquerdas que se alimentam,
mutuamente, em seguida. Isto para uma monárquica, é impensável. Decido, todos
os dias, aproveitar o conforto. Arrumar a casa, ler, desenhar, ouvir música,
ver filmes e séries uns atrás dos outros e pensar o mínimo possível na minha
falta de contribuição para um mundo melhor. Se não o fizer, entro em depressão.
Ao meu lado, está sempre esta sombra de que não sirvo para nada. Nem a ninguém.
E, como eu, existem, de certeza, milhões de pessoas a sentirem-se entre o inútil e o
estupefacto perante tudo aquilo que este mundo oferece aos nossos olhos. Alguns pensam que mudam as coisas no Facebook, ou no Twiter, porque dizem a sua opinião.
Na verdade, a maioria dos que pensavam assim, já se deu conta de que as opiniões
se dissolvem na solução de um mundo que se auto-resolve, sem qualquer
intervenção do alto ou deles mesmos. Outros, entregam-se ao voluntariado. Tarefa nobre, não
direi que não, mas absolutamente inútil a longo prazo e extremamente útil a
curto prazo. De forma que, este desconforto, não se dissipa. Agravou-se até com
a pandemia. E como eu, há milhões de desconfortáveis por aí, por uma razão ou
por outra. Os restantes, consideram-se heróis de uma qualquer causa. Escrevo no
blogue para passar os dias e fazer meia com palavras que não agradam a ninguém.
E retiro-me do teclado do computador
para me concentrar numa qualquer outra tarefa. Invento tarefas. Tal como o
país, não tenho projecto nenhum. Não há dor que atravesse o corpo de Portugal que
por mim não passe. Ou antes ou depois, tanto faz, porque o tempo não existe.
🤗🤗🤗
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