Até percorreria todos os ambientes de que me lembro. Bares
com bancos altos e pernas cruzadas. Um cigarro, uma boquilha e os espelhos na
parede do bar onde espreitam os rostos, os vestidos cor de pérola, os fatos
escuros. Como num filme. Sim, como num filme qualquer. Qualquer imagem serve.
Uma casa no cimo de uma ligeira elevação no terreno. O verde das ervas e as
searas competindo pela fotografia e o sol já do fim da tarde tornando esguias
todas as sombras. Ou o gelo por onde vagueia um urso. Qualquer imagem que me sossegue.
E tudo o que escrevo me parece ser menos
importante do que aquilo que penso, nos intervalos em que escrevo, enquanto
olho pela janela e deixo que os pensamentos fluam como as águas da grande
cascata. Este fim de tarde esquecido de si entra pela minha paisagem interior
quando não espero. E dentro de mim, as sombras esguias, não são negras, mas
possuem um brilho que se distancia do sol. E dançam num outro sistema solar,
feito pelos planetas interiores e pelas luas que são pássaros que cantam os sorrisos
sortidos e intermitentes do brilho dos planetas.
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Fim de tarde
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Lindo.
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