sábado, 11 de maio de 2019
Ai, as plumas!
Na infância fui a alguns espectáculos. Bem, a bastantes, desde a ópera, ao teatro, a concertos de música clássica, bailado, coliseus com nomes modernos, até recintos em estádios e espectáculos de travestis. Mal sabia eu que tudo teria de ser espectacular nos dias de hoje. Se soubesse tinha pedido à minha mãe para não me levar a tantos. Ui! O que as pessoas necessitam de distração é de bradar aos céus! Precisam de alguém que os entretenha e isto vai dos mais rasteirinhos e com rasteiras de futebol à mais elevada intelectualidade. São necessárias constantes sessões. Que somos sem uma sessão? Nada.
Apareceram-me agora na sala quando estava a escrever estas palavras (neste exacto momento) a dizer que estará na capa do Expresso de amanhã a notícia de que em Portugal "nasce" uma igreja por mês. Eu não digo? E quando se confunde espectáculo com sabedoria o prato azedo ainda é maior! Até os curiosos morrem de tédio! Maior requinte não há: ser curioso e morrer de tédio e necessitar de uma sessão de esclarecimento porque se morre de tédio a procurar. Acordem lá um bocadinho. Há alguma coisa que substitua uma conversa? Não! E nessa conversa têm de estar todos a ouvir e a ver (sobretudo a ver)? Não. E quando estão, estão noutro plano e isso é só para ouvintes e conversadores do espaço etéreo, não é propriamente um espectáculo! Só se fôr para os anjos, para os seres todos que povoam o espaço sideral e para Deus que como diz o provérbio judaico criou o homem para que este lhe contasse histórias. Não, não foi por tédio, deve ter sido por amizade, por querer uma conversa na amizade. Mas continuem a gostar de espectáculos e não se esqueçam das plumas.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário