segunda-feira, 20 de maio de 2019

Escadas


Desce e sobe as escadas
Na vertigem do tempo
Passo, outro passo
Desce em música
Sobe em espírito
Não vê o relógio
Não tem horas, nem tempo
Desce e sobe as escadas
Nas casas esperadas
Nas mansões filosofais
Nas pesquisas de improviso
Nas enormes estradas do mundo
Nas pequenas flores que dele leva
Desce e sobe das origens ao futuro

Lembra-se de algumas
Mais de que outras

Lembras-te daqueles degraus
Em que me seguraste o braço?
Vi o teu pânico se me escapasse
Vi quem olhavas quando as subias
Vi quem por detrás da cortina procuraste
Não contemples templos que não sabes
Não procures paz para a guerra que fizeste
Procura antes na memória os degraus que maldisseste
Refaz todo o caminho do princípio até que saibas
Que antes de cantares já a música soava
E pelos degraus já esvoaçava
E uma outra mão me segurava sem que o quisesse
Não contemples templos que não mereces
Por não teres visto as escadas do infinito
Da origem ao lugar onde desfaleces...

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