segunda-feira, 24 de junho de 2019
Quando chegaste
A mais gloriosa manhã não chega para ofuscar os teus olhos grandes e essa forma que escolheste para chegar, atravessando o meu espaço como se fosse transparente e sem segredos.
Reparaste em tudo o que é íntimo por causa desses olhos grandes, cheios de amor.
Não escondeste com o teu sorriso todas as minhas estradas e todos os vales e todas as flores que segurei às portas do inferno.
Mais doce que o mel foi essa calma, essa certeza vinda muito mais do que do fundo dos tempos porque vinda do céu onde não há engano, ocultação ou maneira de não ser revelado tudo o que contemplas quando olhas para baixo.
Senti-te parado, quieto, de olhos fixos e sorriso aberto como se o tempo parasse na finitude do que somos.
Seguraste-me na minha dor, só por contemplares e teres visto aquilo que só tu sabes ver mas que adivinho pela dimensão da tua presença, pela alegria do reencontro, por aquilo que é mais do que uma certeza por se encontrar tão perto da verdade.
Sabias que só reconheceria essa proximidade com a verdade e por isso a trouxeste como se fosse um ramo de flores, saído de si mesmo, directamente para a sua essência.
Leste toda a minha vida nos teus olhos sem que pedisse. Vieste oculto ver melhor e mais perto. Vieste sereno como quem sabe que iria reparar sem que houvesse nada para reparar.
Conheces o segredo da casa aberta que de tão aberta ninguém sabe que contém um segredo. Mas tu, vindo do alto, com asas antigas e as tuas mil vidas, deste com ele e sorriste como só quem o encontra sabe sorrir.
Não, nunca vi tamanho amor como nos teus olhos, tão grandes que pareciam todo o cenário, todos os actores, todo o texto, toda a plateia, todas as luzes e todo o mundo circundante. A tua certeza dissipou-me todas as dúvidas que pudesse ter porque abarcava tudo, do princípio ao fim, Alpha e Ómega, só comparável a todo o cosmos a abrir-se com o teu sorriso.
Desapareceu tudo quando te vi e ficou só o amor suspenso no teu rosto, na tua grandiosidade, na tua generosidade súbita, na tua naturalidade só comparável à de uma subrenatureza.
Pensei, quando te vi, que nada em ti temia ou estranhava, que me restava contemplar-te em silêncio, sem resposta que não fosse só a de te reconhecer.
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