segunda-feira, 3 de junho de 2019

Vénus e Marte


As novas regras da crítica que alguém estabeleceu, não se sabe bem quem, têm vários itens que devem obedecer a determinados critérios. O critério da elegância, foi trazido por França, e diz que um ser superior que queira criticar, deve ser elegante. Deixam de contar as pauladas dos pauliteiros, coisa de povo, e o termo "vigarista" fica para os 'deselegantes", os que não sabem, (ou não estão para isso), dizer, "os que podendo limitar-se a viver sem roubar e ou mentir, preferem roubar e ou mentir, não querendo com isto, ofender ninguém, nem mostrar indignação, nem mal estar, apenas chamar a atenção para um facto  ao qual sou completamente alheio, porque sou superior, que não me aquece nem arrefece, porque sou cientista de bata branca e os cientistas são seres distantes que não se deixam influenciar nem pelo que estudam e muito menos ainda influenciam o que estudam mostrando uma capacidade que o povo não tem, nem nunca terá, de se aperceber da realidade como objecto de estudo e muito menos de a alterar na aplicação prática que a observação vai permitir, após uma série de experiências". Isto sim, é ser elegante, é outra coisa. É ser Erasmos... Nunca rasca.
Há depois a "tática" do "ataque". A tática do ataque começou com os sofistas e alcançou o seu auge com a "tese". Os sofistas desenvolveram a capacidade argumentativa que poderia, como ideal, defender qualquer premissa, certa ou errada e o auge é a chamada "tese", uma pedra pesada, densa e encerrada sobre si mesma nos factos e argumentos de que dispõe e que obriga à existência de uma "antítese", ou seja, ao contra ataque que permite medir a resistência da densidade da "tese". Feito o balanço e a "medição", é lançada a "nota", ou seja, a "síntese".
Os "mestres" do ataque devem ser portanto "elegantes" e possuir uma tática "tésica" (ainda bem que não é tísica), para que as normas sejam cumpridas, publicamente, claro está.
Os mais que Mestres, não fazem nada. Reuniem documentos, como bibliotecários, e depois publicam-nos. A tendência é "mais do que científica" porque não argumentam, limitam-se a "mostrar" os factos reunidos em documentação, apresentados de forma subtilmente tendenciosa, permanecendo imunes à antítese porque "contra factos, não há argumentos".
A crítica tem portanto, três graus:
O modo como se diz. (A elegância)
O argumento e contra argumento do que se diz. (A fundamentação)
O que se diz com os factos alheios. (Os fundamentos).

Quem for respeitando sucessivamente estes três graus nos "ataques" é, mais do que elegante, um verdadeiro mestre da "arte da guerra".

Estes hábitos que fazem o monge são depois aplicados, com a mesma exatidão, no amor. E, quando isso é feito, sai uma coisa assim meio estranha e que escapa completamente à única regra que o amor tem e que gera todas as outras regras do amor que não existem no amor e que é:

O amor não tem regras.

Para uma sociedade democrática isto torna-se demasiaso complicado - o povo vai com muita elegância votar.
Para uma oligarquia, torna-se infrequentável  - a "elite", gera as fundamentações com base nos fundamentos
Para uma ditadura, torna-se impossível - gera os fundamentos.
Para uma monarquia, torna-se possível.

Quando o povo diz "vigarista" é rei, quando o rei diz "vigarista" é povo. Isto só é possível com amor.

Como vivemos numa sociedade asséptica ela é constituída por um povo tornando "elegante" que vota numa oligarquia de vigaristas bem fundamentados nos fundamentos da ditadura gerados pelos maiores vigaristas que são escolhidos com cuidado por entre a oligarquia. Nem o povo (tal como está), nem a oligarquia nem os ditadores têm cultura.

O povo ( tal como era) e o rei têm cultura. Não estão ralados com as formas assépticas sem amor. As formas assépticas tornam-se fórmulas. O amor não têm fórmulas. A guerra é uma arte que visa a destruição com vista à reposição do amor. Não há arte sem amor. A guerra deixou de ser arte, tornou-se técnica. Técnicas que algum povo ainda nota e diz: vigaristas. É a única palavra e a única dignidade que lhe resta. E, tal como a ele, é a única dignidade que resta ao Rei. O resto é diplomacia e da pior. Porque as regras não estão em conformidade com a ordem.

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