sexta-feira, 22 de março de 2019
As Flores
O problema das flores é que ninguém repara nelas. Reparam, quanto muito, na cor, na forma, no perfume, mas poucos sabem as palavras que contêm. Há uma linguagem própria das flores. No que difere da língua dos pássaros é apenas naquilo que acrescenta a esta última. É que, na linguagem das flores há uma forma de expressão única de quem a fala. Assim, a linguagem dos pássaros é comum a quem a fala. Um pouco como aquilo que é dito dos místicos "que falam todos a mesma língua" e por isso se entendem. A língua das flores obriga à presença. É um processo criativo comum. É uma descoberta e uma certeza imediata. É a total transparência. Não há cifras. Não há segredos. Há a total fusão de quem a fala porque se encontram no mesmo processo criativo. Contém em si a linguagem dos pássaros no que tem de técnica. Supera-a no que tem de fusão entre o jardim e o jardineiro. O pássaro desce, a flor ascende. A tónica está em ganhar asas sem perder as pétalas.
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