sábado, 23 de março de 2019

Sonhos


Dos sonhos dos outros nada sei a não ser que me contem o que sonharam. Impossível bisbilhotice porque não há janela pela qual espreitar.
Mas dos meus vou sabendo. Têm o condão, muitos deles, de desvendar a realidade. Pessoas que me aparecem tal qual estão interiormente, estado do qual não me apercebo se acordada. Depois, acordo, observo, e dou razão ao sonho. Sonhei com isto e com aquilo. Será mesmo verdade? Vou ver e é mesmo. No outro dia escrevia por aqui que as crianças necessitam de realidade porque tendem a viver no sonho e que os adultos, pelo contrário, necessitam de sonhos por viverem demasiado submersos na suposta realidade. Digo, suposta, porque há sonhos que aprofundam, com uma exactidão espantosa, a realidade. Este tipo de sonhos não são premonitórios. São uma espécie de flecha que chega ao coração das coisas. Uma espécie de Cúpido inteligente, porque o outro, mais conhecido, anda a reboque dos tiques dos auto-proclamados gnósticos (como se não houvesse uma quase multidão de gnósticos o que se torna suficiente para a impossibilidade de definir o que vem a ser, verdadeiramente, um gnóstico...)  mas que são repetitivos demais para serem inteligentes. Este Cúpido, não deixa de ser Cúpido porque, ainda assim, o amor está presente, mas tem uma precisão na análise da moldura humana que o outro não tem. Estes sonhos-cúpido são de uma definição tal que os tenho como uma ajuda incontornável neste meu caminho. Quando alguém me aparece nesse tipo de sonhos. Já sei. E mesmo que não acredite, a realidade demonstra-me que já sei. São de uma precisão tal, que nem eu própria, que os sonho, consigo escapar-me dela. Quanto aos sonhos dos outros, não sei. Só se me contarem. E se calhar ainda vou sonhar com os sonhos que os outros me contaram...

Sem comentários:

Enviar um comentário