Nesse sonho tido com um espaço onde as vozes internas dos outros ecoavam, uma espécie de silêncio familiar era o que o envolvia. Caminhando nesse silêncio, que não era sonho, era apenas o antes e o depois desse sonho, pude ouvir nele os intentos instintivos de alguns seres que me rodeavam. E os véus foram caindo um a um e, sem ruído, foram caíndo no chão. Depois tudo emudeceu. E, a pouco e pouco, foram aparecendo as vozes cristalinas de alguns seres, sem intento que não fosse apenas falar, e as suas almas eram transparentes como rios que passavam, deixando ver no leito as suas pedras no caminho, e todos os peixes-desejo que os animavam no fervilhar, ora a favor da corrente, ora contra ela. E amei essa transparência, essa franqueza, mais do que nunca até aí. E elevei-a no ar, em carros magníficos puxados por cavalos de pêlo brilhante e solar. E amei esse olhar directo, esses raios de sol que atravessavam o espaço, e vi neles seres vibrantes no próprio momento. E elevei-os como uma tiara, a esses olhares, à minha cabeça.
E aconteceu um novo tempo, em que nada se espera, apenas se é, ao sol.
E tudo se espera e nada se é, se à sombra.
E aconteceu um novo tempo, em que nada se espera, apenas se é, ao sol.
E tudo se espera e nada se é, se à sombra.
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